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FERNANDO RODRIGUES
Financiamento eleitoral
BRASÍLIA - É mais fácil o Palmeiras e o Botafogo voltarem juntos para a
primeira divisão do Campeonato
Brasileiro do que o governo Lula fazer uma reforma política e eleitoral
ampla. Mas é possível que alguma
medida seja aprovada.
Uma delas é o financiamento público para campanhas eleitorais. O
homem mais forte do governo depois
de Lula, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, já se declarou a favor
dessa mudança.
"O financiamento público é necessário [...], o problema é que a opinião
pública se assusta quando se fala em
R$ 800 milhões. Isso é 10% do que o
país acaba gastando com o sistema
atual. Porque o sistema atual permite
uma série de irregularidades e ilegalidades que criam as condições para
os escândalos como na CPI do Orçamento e no governo [de Fernando]
Collor [1990-1992]. Para a democracia, é um custo razoável", afirmou
Dirceu há pouco tempo.
Mais ou menos. Nada garante que
a corrupção acabará ou mesmo diminuirá com o financiamento público. Até porque o dinheiro privado
continuará a irrigar as campanhas.
Seria burrice proibir empresas de patrocinar. Tudo seria desviado para o
caixa dois. Hoje, pelo menos parte
das doações é declarada.
Vários países já usam financiamento público. Não acabaram com a
corrupção na política. Muito pelo
contrário. Tudo ficou mais ou menos
igual. No México, a discussão atual é
sobre limitar o dinheiro oficial.
Os mexicanos elegerão seus 500 deputados federais no próximo dia 6 de
julho. Para financiar apenas esses
candidatos à Câmara, o governo federal gastará o equivalente a US$ 510
milhões. É cerca do dobro do que gasta o governo do Japão para financiar
os seus candidatos a deputado.
Quem vota as leis que estipulam os
valores do financiamento são os políticos. A cada ano, podem aumentar
um pouco a autodoação. Não será
então, como diz o ministro Dirceu,
um "custo razoável" para a democracia. Pode ser apenas mais um ralo
para o dinheiro público.
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