UOL




São Paulo, segunda-feira, 23 de junho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FERNANDO RODRIGUES

Financiamento eleitoral

BRASÍLIA - É mais fácil o Palmeiras e o Botafogo voltarem juntos para a primeira divisão do Campeonato Brasileiro do que o governo Lula fazer uma reforma política e eleitoral ampla. Mas é possível que alguma medida seja aprovada.
Uma delas é o financiamento público para campanhas eleitorais. O homem mais forte do governo depois de Lula, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, já se declarou a favor dessa mudança.
"O financiamento público é necessário [...], o problema é que a opinião pública se assusta quando se fala em R$ 800 milhões. Isso é 10% do que o país acaba gastando com o sistema atual. Porque o sistema atual permite uma série de irregularidades e ilegalidades que criam as condições para os escândalos como na CPI do Orçamento e no governo [de Fernando] Collor [1990-1992]. Para a democracia, é um custo razoável", afirmou Dirceu há pouco tempo.
Mais ou menos. Nada garante que a corrupção acabará ou mesmo diminuirá com o financiamento público. Até porque o dinheiro privado continuará a irrigar as campanhas. Seria burrice proibir empresas de patrocinar. Tudo seria desviado para o caixa dois. Hoje, pelo menos parte das doações é declarada.
Vários países já usam financiamento público. Não acabaram com a corrupção na política. Muito pelo contrário. Tudo ficou mais ou menos igual. No México, a discussão atual é sobre limitar o dinheiro oficial.
Os mexicanos elegerão seus 500 deputados federais no próximo dia 6 de julho. Para financiar apenas esses candidatos à Câmara, o governo federal gastará o equivalente a US$ 510 milhões. É cerca do dobro do que gasta o governo do Japão para financiar os seus candidatos a deputado.
Quem vota as leis que estipulam os valores do financiamento são os políticos. A cada ano, podem aumentar um pouco a autodoação. Não será então, como diz o ministro Dirceu, um "custo razoável" para a democracia. Pode ser apenas mais um ralo para o dinheiro público.


Texto Anterior: São Paulo - Vinicius Torres Freire: Lula e a renovação do continuísmo
Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Maus alunos
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.