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EXPLOSÃO DESIGUAL
É impressionante a notícia de
que cerca de 98% do crescimento total da população mundial vai se
dar, nos próximos 45 anos, nos países em desenvolvimento. A estimativa é do o PRB (Population Reference
Bureau), instituto privado com sede
em Washington, e se baseia em censos, documentos das Nações Unidas
e relatórios de organismos internacionais de saúde.
As conseqüências desse crescimento desordenado não são triviais.
Haverá aumento na concentração de
renda no mundo e se aprofundarão
as disparidades entre pobres e ricos
em países como o Brasil.
Segundo o estudo, os países miseráveis da África vão liderar o aumento populacional até 2050, com um
crescimento médio de 119%. Essa cifra já considera as mortes provocadas pela epidemia de Aids que assola
o continente. Na América Latina, estima-se aumento de 42% (24% no
Brasil). Na Ásia, de 39%. Como contraste, a população da Europa encolherá 8% nos próximos 45 anos. No
Japão, haverá queda de 21%. Os EUA
são a única nação rica que deverá
crescer (43%), graças, principalmente, aos imigrantes hispânicos.
Não há dúvida de que tamanha
desproporção representa um desafio
para a humanidade nas próximas décadas. O mundo já fez progressos no
controle da natalidade. Embora a
atual taxa de fertilidade no mundo
(de 2,8 filhos por mulher) seja 50%
menor do que há 50 anos, os nascimentos continuam concentrados
nas famílias mais pobres. Isso também ocorre no Brasil, onde as classes
mais abastadas ostentam índices de
natalidade iguais aos da Europa enquanto nas favelas dos grandes centros as taxas são típicas da África.
O remédio para o problema é conhecido: é preciso colocar à disposição da população pobre métodos
contraceptivos. Mas apenas isso não
basta. O principal ingrediente para o
sucesso de políticas relativas à população é o "empowerment" (assenhoreamento) das mulheres, isto é, dar-lhes educação e poder de decisão.
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