São Paulo, segunda-feira, 23 de agosto de 2004

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BUSH E A ECONOMIA

Economias que crescem dão um excelente cabo eleitoral para presidentes ou primeiros-ministros que buscam a reeleição em qualquer lugar do mundo. Os EUA não são uma exceção. Embora no pleito deste ano o Iraque e o problema da segurança rivalizem com a economia nas atenções da mídia e do eleitorado, não há dúvida de que o desempenho econômico terá um papel-chave na definição de votos.
Nesse ponto, o quadro geral é preocupante para o presidente George W. Bush, pois, embora a economia norte-americana esteja crescendo, o faz em ritmo cada vez menor. O pior pesadelo dos republicanos são os empregos. Como a oposição democrata não cansa de lembrar, Bush é o primeiro presidente desde Herbert Hoover (1929-33) a enfrentar a reeleição com um total de postos de trabalho inferior ao de quando foi escolhido para o primeiro mandato.
Para agravar o quadro, como bem mostrou editorial da revista britânica "The Economist", o campo republicano se apressou em criar um elo entre a atual administração e a oferta de empregos. Depois de meses de crescimento sem a criação de postos de trabalho, em março, quando surgiram 300 mil vagas, partidários de Bush logo creditaram o fenômeno ao corte de impostos promovido pelo presidente. Agora que a atividade econômica perde vigor, e apenas 32 mil vagas foram criadas em julho, os republicanos se vêem em dificuldades para dar explicações.
Paira também no horizonte a alta na cotação do petróleo que, se persistir, pode reduzir ainda mais o ritmo do crescimento e diminuir a confiança do consumidor e, portanto, conter a geração de novos empregos.
A verdade é que Bush exagerou ao tentar creditar à sua política a forte recuperação do mercado de trabalho em março. Oscilações de curto prazo na oferta de empregos dependem de fatores que muitas vezes estão fora do controle do governo. E a pressa em faturar o "feitiço" pode acabar se voltando contra o feiticeiro.


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