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CLONAGEM TERAPÊUTICA
Merece apoio a iniciativa de
sociedades científicas de todo
o mundo de lançar um manifesto pedindo que a clonagem terapêutica
humana -que visa à obtenção de células-tronco para procedimentos
médicos- não seja banida junto
com a clonagem reprodutiva -com
vistas a replicar um indivíduo-, um
passo que a ONU pode dar em breve.
Como salienta o documento assinado por 63 entidades científicas, incluindo a Academia Brasileira de
Ciências, além das objeções éticas,
sociais e econômicas à clonagem reprodutiva, existem também problemas técnicos. Pelo que se verifica
com outros mamíferos, a clonagem
reprodutiva é pouco eficiente e traz
riscos não só para o indivíduo a ser
gerado, que tem grandes chances de
nascer com doenças graves, como
também para a fêmea que carrega o
feto. Diante dos riscos e da inexistência de benefícios que a clonagem reprodutiva possa trazer, tudo recomenda que ela seja de fato banida.
O caso da clonagem terapêutica,
contudo, é diferente. Em comum as
duas têm apenas o início do processo. Enquanto na clonagem reprodutiva a célula-ovo se desenvolve até
tornar-se um ser completo, na terapêutica a multiplicação celular é interrompida após alguns dias.
E o benefício potencial da clonagem terapêutica é grande. Embriões
são uma fonte de células-tronco, isto
é, que têm potencial para converter-se em todo tipo de tecido, de neurônios a ossos. Acredita-se que elas tragam a chave para a cura de inúmeras
moléstias degenerativas, como Parkinson e alguns cânceres. Podem até
permitir a recuperação de órgãos danificados. E o fato de elas serem geradas por clonagem, ou seja, de serem células geneticamente idênticas
às do paciente, elimina o problema
da rejeição, ainda um obstáculo para
a disseminação dos transplantes.
Não há, portanto, termo de comparação entre os dois tipos de clonagem. Confundi-las e tentar proibir as
duas num só golpe, como sugere o
presidente George W. Bush, parece
ser apenas uma concessão a lobbies
que nada têm de científicos.
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