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NELSON MOTTA
Eles e nós
RIO DE JANEIRO - No início, confesso que tive inveja dos repórteres políticos que estavam no olho do furacão,
no teatro de operações de uma guerra de quadrilhas, escrevendo a história -e que história! Mas agora, com
o tédio das torpezas repetidas "ad
nauseam", com a náusea das mentiras e dos acordos sórdidos, com a sensação amarga de que apenas algumas cassações de mandato -e nada
mais- punirão os integrantes da
maior quadrilha de que se tem notícia na história do país, sinto pena
desses colegas. Seria justo que recebessem um adicional de insalubridade em seus salários.
Há que ter estômago para conversar diariamente com esses personagens abjetos, com seus ternos e cabelos lustrosos, suas gravatas e suas caras medonhas, fingir que aceita seus
argumentos, fazer cara de quem
acredita em suas respostas, ouvir um
saco de mentiras para extrair um sacolé de verdade. Vida dura, merecem
nosso respeito e gratidão.
Políticos, com todo respeito aos raros que merecem, desenvolvem uma
couraça que os faz absorver e refratar
as piores ofensas que recebem, pode-se xingá-los de tudo, eles não ligam,
não ficam com vergonha, esquecem.
Esta duvidosa qualidade os permite
"perdoar" sempre e a todos com um
sorriso magnânimo estilo Maluf. Eles
querem o seu voto. Vocês sabem para
quê.
Como sabem que o PT nunca vai
pagar ao Banco Rural e ao BMG e
muito menos a Marcos Valério os R$
55 milhões que gastou em seu projeto
de poder. E tudo vai dar em nada, alguém tem dúvida?
Todos os partidos, principalmente o
PT, atribuíram ao sistema eleitoral a
culpa pelos desvios nos financiamentos de campanhas, o caixa dois e o
"mensalão". E não moveram uma
palha para transformá-lo. E ainda
vamos ter de ouvir essa gente nos dizendo "verdades" no horário eleitoral "gratuito", que, na verdade, é pago com dinheiro público.
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