São Paulo, segunda-feira, 24 de fevereiro de 2003 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES A realidade das finanças de São Paulo CELSO PITTA
A atual administração da cidade
de São Paulo procura no passado a
justificativa para seus erros atuais na
condução das finanças municipais. E
quais são eles? De início, fazer uso das
economias orçamentárias herdadas da
administração anterior para aumentar
as despesas de custeio (operação da máquina) e deixar de lado investimentos
inadiáveis no transporte e na saúde.
Quanto à disponibilidade financeira citada no artigo "As finanças de São Paulo", publicado neste espaço no último
dia 18, vale lembrar que o primeiro balancete da atual gestão, publicado no
início de abril de 2001, já mostrava um
caixa de mais de R$ 1 bilhão, resultado
do superávit orçamentário deixado pela
gestão anterior.
1) que encontrou atrasos de R$ 4 bilhões no pagamento de precatórios. Mas não disse que esses pagamentos têm de seguir uma ordem cronológica estabelecida pelo Tribunal de Justiça, sendo que, quando um pagamento é suspenso por alguma decisão judicial, os demais têm de aguardar na fila até que o impasse seja resolvido; 2) que havia outros R$ 4 bilhões a pagar em "esqueletos", mas não disse quais, pois, se o fizesse, teria de atirar no próprio PT, que administrou a cidade de 1989 a 1992 e que deveria ter sanado as pendências com a Eletropaulo e a Sabesp, que remontam a 1985. Faltou fazer um encontro de contas, já que essas empresas deviam à prefeitura o IPTU e outros impostos; 3) haver encontrado atrasos de pagamento de até dez meses, mas não revelou quanto estava entrando em caixa no início da nova administração nem a sobra que desde o início da gestão é usada em aplicações financeiras -nem sempre com muito sucesso, como se verificou com a perda de R$ 30 milhões, quando, no ano passado, o governo mudou a contabilização dos fundos DI; 4) que a Secretaria das Finanças estava com a sua informática atrasada. Não disse que, naquela época, o sistema de execução orçamentária funcionava e os dados estavam disponíveis a partir do dia 10 de janeiro. Hoje, com a nova tecnologia do PT, até a segunda semana de fevereiro, a movimentação orçamentária e financeira era desconhecida até da Câmara Municipal. Curiosidade: ao contrário do que se tornou rotina na gestão anterior, não há registro de nenhuma representação dos vereadores junto ao Ministério Público "em prol da transparência da gestão"; e 5) que 13% das receitas estão comprometidas com o pagamento da dívida com a União, mas não disse que, caso o critério anterior de rolagem semestral de 98% da dívida tivesse sido mantido, não só o dispêndio seria muito maior como a própria dívida com o crescer dos juros se tornaria impagável. Por fim, manter as finanças públicas em ordem não é nenhum favor. Faz parte do ser governo. Celso Pitta, 56, é economista e ex-prefeito de São Paulo. Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Luiz Eduardo Soares: Cidade de Deus e o pacto pela paz Próximo Texto: Painel do leitor Índice |
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