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Desapreço pela educação
"UM FATO sociológico."
Foi assim que o secretário da Educação da
Bahia, Adeum Sauer, procurou
justificar sua absurda decisão de
permitir que partidos políticos
indiquem apaniguados para os
postos de diretor e vice-diretor
das 1.856 escolas estaduais.
Não espanta que tamanha sandice tenha vindo de uma gestão
petista. É um fato, embora não
propriamente sociológico, que
no poder a legenda se celebrizou
por tentar "aparelhar" todo e
qualquer cargo ao alcance.
Indicações políticas para diretores de escola são uma chaga
dolorosamente comum no país.
Levantamento feito pelo Ministério da Educação (MEC) a pedido da Folha em 2004 mostrou
que 59,8% dos titulares haviam
sido escolhidos dessa maneira.
Só que a repetição de erros não
os justifica -tampouco serve para abonar uma "política" de apadrinhamento. Ao contrário, a alta freqüência apenas reforça a
necessidade de combatê-los.
Tal exigência se torna urgente
quando se considera que o apadrinhamento traz rapidamente
impactos negativos mensuráveis. Em todas as provas do Saeb
(teste-padrão do MEC) de 2003,
alunos de colégios comandados
por "políticos" se saíram sistematicamente pior do que os de
instituições cujos diretores haviam sido selecionados por outros critérios.
Talvez servisse de consolo o fato de que o secretário Adeum
Sauer não pretende manter essa
sistemática para sempre. As indicações políticas só vão perdurar até que as eleições diretas para diretor estejam implementadas. Ou seja, o secretário vai trocar a pior forma de escolha pela
segunda pior.
"Fatos sociológicos" como o
desapreço das autoridades pela
educação precisam ser combatidos. A tarefa é difícil, mas não
impossível. Até a varíola, fato
biológico, mais "orgânico" do
que manifestações sociológicas,
foi com sucesso erradicada.
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