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FERNANDO RODRIGUES
Ciro apostou. E perdeu
BRASÍLIA - Haverá uma profusão
de análises sobre o fim da pré-candidatura de Ciro Gomes a presidente da República. O cardápio era variado entre as avaliações já disponíveis ontem. Foi humilhado por Lula, destratado pelo PSB, o PT destrói quem aparece à sua frente ou
Ciro pecou pela ingenuidade.
O tempo dirá qual dessas ou de
outras avaliações são verdadeiras
ou apropriadas. Do ponto de vista
dos fatos, deu-se algo muito simples. Ciro fez uma aposta. Sua previsão não deu certo, e ele perdeu.
A estratégia cirista era conhecida.
Ele próprio a relatou em detalhes
mais de uma vez acomodado à frente de uma das mesas de tampo de
mármore branco nas quais é servido o intragável café de coador da
Câmara dos Deputados. Anotei
ponto a ponto sua explicação na
tarde de 7 de outubro passado:
"O lugar marcado para mim é ficar em terceiro lugar na eleição e
ser protagonista no segundo turno.
Mas há uma fresta para eu ser o segundo. E uma fresta minúscula para eu ser o primeiro. O Serra vai recuar no ano que vem. Aí entra o Aécio, mas lá atrás nas pesquisas. Eu
fico em primeiro lugar".
Em resumo, a aposta era dividida
em três etapas: 1) o tucano José Serra ficaria com receio de perder e
não seria candidato a presidente; 2)
a petista Dilma Rousseff continuaria empacada abaixo de 20%; 3) Aécio Neves assumiria a vaga do PSDB
ao Planalto, mas em patamar bem
baixo nas pesquisas.
O passo seguinte seria Ciro conquistar o apoio do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva. Com medo de
ser expelido do Planalto, o PT buscaria uma alternativa heterodoxa,
dando apoio ao nome do PSB.
Enquanto pitonisa eleitoral, Ciro
foi só um político. Suas previsões
estavam todas erradas. Mas, como
ele desejava ser presidente, talvez
não tenha tido muita escolha. Precisava apostar e pensar alto. Apostou e perdeu. Simples assim.
fernando.rodrigues@grupofolha.com.br
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