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Correção de rota
A CONJUNTURA conspira
contra a possibilidade de
um acordo em relação à
chamada Rodada Doha -a tentativa de baixar tarifas e barreiras comerciais em escala global.
Nos EUA, a sucessão presidencial se avizinha, e a gestão Bush
nunca esteve tão desgastada. O
desgaste também vai afastar
mais cedo Tony Blair da chefia
do gabinete britânico. Na União
Européia, aumenta o poder dos
países protecionistas, como a
França, e de novos membros que
desejam afastar a concorrência
estrangeira, como a Polônia.
Tudo isso ocorre em meio a um
ciclo extraordinário de crescimento do comércio mundial. Há
quatro anos as exportações no
planeta se expandem a um ritmo
anual de dois dígitos. É mais difícil convencer os 150 países da
Organização Mundial do Comércio de que precisam baixar suas
tarifas no momento em que faturam como nunca -e sem o concurso de um acordo multilateral.
Não chega a ser surpreendente, portanto, o fiasco de Potsdam,
a cidade alemã onde representantes de EUA, UE, Brasil e Índia
se reuniram para mais uma tentativa de salvar Doha. Como
ocorreu no ano passado em Genebra, o fracasso das tratativas
dá início a uma imensa batalha
midiática para escalar culpados.
Isso, porém, é o que menos importa diante da necessidade de o
Brasil reformular a sua estratégia de política comercial externa.
Independentemente de a
OMC confirmar nas próximas
semanas o óbito da Rodada Doha, o governo brasileiro terá de
buscar novos acordos, ainda que
mais restritos, para abrir mercados aos exportadores brasileiros.
Se a administração Lula acertou ao eleger a OMC como o fórum mais promissor para alavancar a economia brasileira
(uma potência agrícola), errou
ao menosprezar os acordos bilaterais e regionais. É preciso, agora, corrigir essa rota.
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