São Paulo, domingo, 24 de junho de 2007

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Correção de rota

A CONJUNTURA conspira contra a possibilidade de um acordo em relação à chamada Rodada Doha -a tentativa de baixar tarifas e barreiras comerciais em escala global.
Nos EUA, a sucessão presidencial se avizinha, e a gestão Bush nunca esteve tão desgastada. O desgaste também vai afastar mais cedo Tony Blair da chefia do gabinete britânico. Na União Européia, aumenta o poder dos países protecionistas, como a França, e de novos membros que desejam afastar a concorrência estrangeira, como a Polônia.
Tudo isso ocorre em meio a um ciclo extraordinário de crescimento do comércio mundial. Há quatro anos as exportações no planeta se expandem a um ritmo anual de dois dígitos. É mais difícil convencer os 150 países da Organização Mundial do Comércio de que precisam baixar suas tarifas no momento em que faturam como nunca -e sem o concurso de um acordo multilateral.
Não chega a ser surpreendente, portanto, o fiasco de Potsdam, a cidade alemã onde representantes de EUA, UE, Brasil e Índia se reuniram para mais uma tentativa de salvar Doha. Como ocorreu no ano passado em Genebra, o fracasso das tratativas dá início a uma imensa batalha midiática para escalar culpados. Isso, porém, é o que menos importa diante da necessidade de o Brasil reformular a sua estratégia de política comercial externa.
Independentemente de a OMC confirmar nas próximas semanas o óbito da Rodada Doha, o governo brasileiro terá de buscar novos acordos, ainda que mais restritos, para abrir mercados aos exportadores brasileiros.
Se a administração Lula acertou ao eleger a OMC como o fórum mais promissor para alavancar a economia brasileira (uma potência agrícola), errou ao menosprezar os acordos bilaterais e regionais. É preciso, agora, corrigir essa rota.


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