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GENOCÍDIO NA ÁFRICA
Merece apoio a proposta de
resolução que os EUA estão
fazendo circular pelo Conselho de
Segurança da ONU para uma ação
contra o Sudão. Pelo texto, ou o governo sudanês prende os responsáveis pelas atrocidades na região de
Darfur e os leva a julgamento ou terá
de enfrentar sanções internacionais.
Uma ação urgente é necessária para interromper as operações de limpeza étnica em curso em Darfur. Pelo
menos 30 mil negros já morreram
nos "raids" que a milícia árabe Janjaweed vem lançando contra a população local. O conflito, em torno de
água e das poucas terras agricultáveis
da região, também já produziu 1,2
milhão de refugiados. Segundo alguns relatos, o número de mortos
pode ser muito maior, talvez comparável ao genocídio de Ruanda em
1994. Ontem, o Congresso dos EUA
aprovou uma moção classificando o
que está em curso como genocídio.
É preciso de fato agir com firmeza
com o governo de Cartum. Na interpretação generosa para as autoridades, elas fecharam os olhos para o
massacre. Numa versão menos benigna, mas provavelmente mais realista, elas dão apoio à Janjaweed.
O caminho proposto pelos EUA
parece o possível no momento. Depois da invasão unilateral do Iraque
por tropas norte-americanas, é quase impossível que o Conselho de Segurança autorize uma intervenção
armada, que, de resto, dificilmente
encontraria países dispostos a oferecer tropas. Na impossibilidade de
adotar a via militar, a opção mais forte à disposição da ONU é de fato a
ameaça de sanções econômicas.
Há pressa na aprovação da resolução. Está para começar a estação
chuvosa no Sudão, que praticamente
impossibilitará o envio de ajuda humanitária aos refugiados. Segundo
cálculos do governo norte-americano, entre 300 mil e 1 milhão de sudaneses poderão morrer de inanição e
doenças. O mundo não pode assistir
inerte a mais um genocídio na África, apenas porque não chegou a um
consenso sobre como agir.
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