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AGENDA GLOBAL
Os mercados financeiros internacionais vão aprofundando as assimetrias na ordem econômica mundial. Os investidores globais passaram a punir os países com altos déficits em transações correntes (resultado do fluxo de comércio e de serviços do país com o exterior).
Até o momento, o único país que pode apresentar elevado déficit em conta corrente é os EUA, país emissor do
dólar -a moeda reserva internacional- e detentor do sistema financeiro mais sofisticado do mundo. O déficit americano de US$ 430 bilhões
representou 71% do mundial.
Nos primeiros anos da década de
90, os países emergentes tinham déficit em conta corrente e absorviam
um fluxo positivo de capitais externos. Após a crise na Ásia e na Rússia,
o conjunto dos emergentes passou a
enfrentar fuga de capitais. Essa reversão teve como consequência desvalorizações competitivas entre as suas
moedas. O aumento na aversão ao
risco dos emergentes acabou beneficiando os mercados financeiros dos
países centrais, sobretudo americanos, uma vez que os capitais fugiam
em busca de maior segurança.
Essas assimetrias impõem a retomada da discussão sobre a reforma
da arquitetura financeira internacional. A ordem econômica mundial
deveria possibilitar políticas ativas de
crescimento e maior cooperação entre bancos centrais. Os principais
acordos multilaterais de comércio
deveriam permitir a redução do protecionismo, para que o comércio
fosse um instrumento para a expansão e a estabilidade econômicas.
O caso brasileiro ilustra os desequilíbrios e a necessidade da reforma. A
despeito do superávit na balança comercial, os mercados financeiros
continuam derrubando a moeda e os
preços dos ativos brasileiros, o que
não se explica apenas pelas incertezas eleitorais. Sem algum disciplinamento dos fluxos internacionais de
capitais, a instabilidade dificilmente
será superada.
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