São Paulo, terça-feira, 24 de setembro de 2002

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AGENDA GLOBAL

Os mercados financeiros internacionais vão aprofundando as assimetrias na ordem econômica mundial. Os investidores globais passaram a punir os países com altos déficits em transações correntes (resultado do fluxo de comércio e de serviços do país com o exterior). Até o momento, o único país que pode apresentar elevado déficit em conta corrente é os EUA, país emissor do dólar -a moeda reserva internacional- e detentor do sistema financeiro mais sofisticado do mundo. O déficit americano de US$ 430 bilhões representou 71% do mundial.
Nos primeiros anos da década de 90, os países emergentes tinham déficit em conta corrente e absorviam um fluxo positivo de capitais externos. Após a crise na Ásia e na Rússia, o conjunto dos emergentes passou a enfrentar fuga de capitais. Essa reversão teve como consequência desvalorizações competitivas entre as suas moedas. O aumento na aversão ao risco dos emergentes acabou beneficiando os mercados financeiros dos países centrais, sobretudo americanos, uma vez que os capitais fugiam em busca de maior segurança.
Essas assimetrias impõem a retomada da discussão sobre a reforma da arquitetura financeira internacional. A ordem econômica mundial deveria possibilitar políticas ativas de crescimento e maior cooperação entre bancos centrais. Os principais acordos multilaterais de comércio deveriam permitir a redução do protecionismo, para que o comércio fosse um instrumento para a expansão e a estabilidade econômicas.
O caso brasileiro ilustra os desequilíbrios e a necessidade da reforma. A despeito do superávit na balança comercial, os mercados financeiros continuam derrubando a moeda e os preços dos ativos brasileiros, o que não se explica apenas pelas incertezas eleitorais. Sem algum disciplinamento dos fluxos internacionais de capitais, a instabilidade dificilmente será superada.


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