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ELIANE CANTANHÊDE
Por um fio
BRASÍLIA - A coisa está ficando cada vez mais cor-de-rosa no comitê de
Lula e mais cinzenta no comitê de
Serra. O que significa, antes de mais
nada, que o segundo turno pode estar
mesmo sendo aqui e agora.
A declaração de voto do empresário
Eugênio Staub é dessas que marca
uma eleição. Tem poder político, simbólico e psicológico. É um aval. Repercute como o empurrão que faltava
para a vitória de Lula no primeiro
turno -ainda incerta, mas cada vez
mais possível.
Staub, amigo de Serra, aliado ao
PSDB e um dos cérebros do Iedi (a
entidade intelectual do empresariado paulista), pode não puxar votos
dos companheiros empresários para
o companheiro sindicalista, mas ajuda a vencer barreiras políticas e ideológicas tanto para a eleição quanto
para um eventual governo Lula.
O PT tem sido impecável. Colocou o
pescoço na guilhotina e disputa eleições difíceis, quase improváveis, só
para garantir palanque e estrutura
para Lula. Exemplos: Genoino e Mercadante, arriscados a ficar sem mandato. Depois, Lula fechou a boca,
conquistou a classe média, escolheu
um vice empresário, mineiro e do PL.
Agora, completa o cerco.
O apoio de Staub simboliza que Lula deixou de ser o bicho-papão para o
empresariado e está deixando de ser
até para os próprios banqueiros internos. Podem não votar nele, mas já
digerem bem a idéia da vitória. Se
problemas grave há, é principalmente com os tais investidores externos.
Daqui até 6 de outubro, Lula não
pode errar. Serra, além de não poder
errar um milímetro, tem que acertar:
o alvo, o programa de TV, os apoios
políticos que começam se alvoroçar
novamente. Tem, mais uma vez, que
respirar fundo, manter a cabeça fria
e continuar a ser "a fênix" da campanha. Nem sempre dá.
A realização do segundo turno depende também de Garotinho, de Ciro
e até do Zé Maria e do Pimenta. Leitores da Folha Online me desancaram porque escrevi isso há uma semana. Mas é verdade. Qualquer 1%
para um lado ou para outro pode fazer a diferença. E que diferença!
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