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CARLOS HEITOR CONY
Eis a questão
RIO DE JANEIRO - O estágio de civilização que atravessamos, que não é lá
essas coisas, mas também não é para
ser jogado na lata do lixo, criou um
dilema cada vez mais dramático: a
hegemonia dos Estados Unidos tem
direito de se preservar, de garantir
sua perenidade mesmo que isso represente uma ameaça ao resto do
mundo? Ou o resto do mundo tem o
direito de exigir limites e impor condições a essa hegemonia?
Em outras palavras: podem os Estados Unidos assumir a polícia do planeta, agindo militarmente sempre
que julgarem necessário? Podem as
demais nações policiar o crescente
poderio militar dos Estados Unidos?
Não entendo muito dessas questões, mas sempre ouvi dizer que Lord
Kinsey, ao terminar a Conferência de
Bretton-Woods, em 1944, tinha a certeza de que mais cedo ou mais tarde
haveria nova guerra porque a economia que dali surgiria -e que bem ou
mal conduziu a sociedade até aqui-
fatalmente provocaria nova guerra
mundial.
Uma guerra que não seria gerada
por motivos ideológicos ou territoriais, como as anteriores, a de 1914 e
1939, mas uma guerra de domínio e
predomínio de mercado.
Hitler incendiou a Europa em busca do espaço vital que desse à Alemanha condições de desenvolver a cultura ariana. Do ponto de vista dele,
tudo lhe era permitido para conquistar e manter esse espaço vital.
Bush não precisa de espaço vital,
tem todo o espaço do mundo à disposição de seus mísseis. Mas teme que
outros países, embora em escala reduzida, baguncem ou limitem esse
poder.
Fracassou no combate ao terrorismo isolado, que continuará ameaçando a "pax" dos Estados Unidos.
Mas quer vencer a guerra contra
aquilo que chama de ""terrorismo de
Estado". Jamais acabará com os Bin
Laden que de tempos em tempos destruirão suas torres. Mas tem pressa
em acabar com Saddam Hussein,
ainda que isso custe uma carnificina
mundial.
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