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ELIANE CANTANHÊDE
Campanha errática
BRASÍLIA - Lula fez discurso para a candidatura de Marta Suplicy na
inauguração da Radial Leste e ontem, depois de dias de críticas e cobranças, pediu "desculpas".
O discurso foi para a página do Planalto na internet, saiu, voltou com
corte e, igualmente depois de críticas
e cobranças, acabou recolocado na
íntegra.
Marta também foi e voltou algumas vezes. Tentou passar a imagem
de amiga do governador Geraldo
Alckmin, que reagiu deixando claro
que seu candidato é José Serra. Marta, então, não só esqueceu a amizade
como seu programa passou a criticar
o governo do Estado.
Marta havia dito na sabatina da
Folha que iria atrás de "cada eleitor
do Maluf", com uma ressalva: "Maluf no meu palanque, não!". No dia
seguinte, recuou e disse que queria
todo mundo no palanque, o que incluía Maluf. E, no terceiro dia, voltou
a dizer que não. Disse, disse que não
disse e disse de novo.
No dia da sabatina, aliás, Marta
estava nos jornais avisando que mudaria o disco: "Chega de mea culpa
na saúde". Mas, ao ser sabatinada, à
tarde, reconheceu que entrou na
questão "com dois anos de atraso".
Como regra de eleições, candidato
que se sente na frente é mais seguro,
mais leve, une mais a equipe. E erra
menos. Do lado oposto, campanhas
que começam a ficar tensas, acirrando divergências internas, fazendo
uma coisa num dia e outra no dia seguinte passam insegurança. E o estado de espírito, nos dois casos, reflete-se no ânimo do eleitor.
Em qualquer hipótese, pancadaria
no meio da rua como ocorreu ontem,
seja culpa de um, de outro ou de ambos -como costuma ser-, não ajuda nada o processo. Ninguém ganha,
todos perdem.
A eleição tem muito chão pela frente, e não há eleitos, só candidatos.
Além de danças ciganas, da garra,
que Marta tem, e de uma campanha
forte, que também tem, ela deveria
chamar o guru Gushiken para dar
equilíbrio, fazer o meio de campo entre Duda e Favre e melhorar o astral.
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