São Paulo, sexta-feira, 24 de setembro de 2004

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ELIANE CANTANHÊDE

Campanha errática

BRASÍLIA - Lula fez discurso para a candidatura de Marta Suplicy na inauguração da Radial Leste e ontem, depois de dias de críticas e cobranças, pediu "desculpas".
O discurso foi para a página do Planalto na internet, saiu, voltou com corte e, igualmente depois de críticas e cobranças, acabou recolocado na íntegra.
Marta também foi e voltou algumas vezes. Tentou passar a imagem de amiga do governador Geraldo Alckmin, que reagiu deixando claro que seu candidato é José Serra. Marta, então, não só esqueceu a amizade como seu programa passou a criticar o governo do Estado.
Marta havia dito na sabatina da Folha que iria atrás de "cada eleitor do Maluf", com uma ressalva: "Maluf no meu palanque, não!". No dia seguinte, recuou e disse que queria todo mundo no palanque, o que incluía Maluf. E, no terceiro dia, voltou a dizer que não. Disse, disse que não disse e disse de novo.
No dia da sabatina, aliás, Marta estava nos jornais avisando que mudaria o disco: "Chega de mea culpa na saúde". Mas, ao ser sabatinada, à tarde, reconheceu que entrou na questão "com dois anos de atraso".
Como regra de eleições, candidato que se sente na frente é mais seguro, mais leve, une mais a equipe. E erra menos. Do lado oposto, campanhas que começam a ficar tensas, acirrando divergências internas, fazendo uma coisa num dia e outra no dia seguinte passam insegurança. E o estado de espírito, nos dois casos, reflete-se no ânimo do eleitor.
Em qualquer hipótese, pancadaria no meio da rua como ocorreu ontem, seja culpa de um, de outro ou de ambos -como costuma ser-, não ajuda nada o processo. Ninguém ganha, todos perdem.
A eleição tem muito chão pela frente, e não há eleitos, só candidatos. Além de danças ciganas, da garra, que Marta tem, e de uma campanha forte, que também tem, ela deveria chamar o guru Gushiken para dar equilíbrio, fazer o meio de campo entre Duda e Favre e melhorar o astral.


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