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DESUNIÃO EUROPÉIA
O fracasso da cúpula de Bruxelas, em que os países da
União Européia (UE) deveriam ter
acertado as linhas gerais de uma
Constituição para o bloco, é um incômodo, mas dificilmente comprometerá a consolidação da UE.
O principal ponto de discórdia foi
político, ocorrendo em torno do sistema de votação. Enquanto as nações mais populosas, como a Alemanha e a França, pretendiam que decisões fossem tomadas por maioria de
países que representem pelo menos
60% da população do bloco, Estados
médios, notadamente a Espanha e a
Polônia (que entra no bloco em maio
próximo), eram favoráveis à manutenção do atual sistema, que os beneficia desproporcionalmente.
As diferenças entre os dois grupos
foram tão fortes que alguns dos países mais ricos do bloco chegaram a
ameaçar com a redução da assistência econômica às nações mais pobres. É a primeira vez que desavenças
políticas na UE encontram expressão
no terreno econômico.
A situação é delicada, mas a UE já
superou dificuldades até mais graves
no passado. Não há dúvidas de que o
sistema de votação precisa ser revisto. O atual sistema foi concebido para uma UE de 15 membros, mas, a
partir de maio, os países participantes serão 25. Conceitos que foram
importantes no passado, como o de
decisões por consenso, têm de ser revistos. Não se pode pretender um
tratamento igualitário para, por
exemplo, a Alemanha, com uma população de mais de 80 milhões e a
terceira economia do mundo, e a pequena Malta, com menos de 500 mil
habitantes. Desconsiderar qualquer
critério populacional poderia levar a
uma tirania de pequenos países, o
que não faz nenhum sentido.
A experiência e o bom senso sugerem que a UE saberá resolver o atual
impasse. Melhor que seja assim,
pois é importante para o mundo que
a Europa unida se consolide como
um pólo alternativo aos EUA.
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