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São Paulo, quarta-feira, 24 de dezembro de 2003

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DESUNIÃO EUROPÉIA

O fracasso da cúpula de Bruxelas, em que os países da União Européia (UE) deveriam ter acertado as linhas gerais de uma Constituição para o bloco, é um incômodo, mas dificilmente comprometerá a consolidação da UE.
O principal ponto de discórdia foi político, ocorrendo em torno do sistema de votação. Enquanto as nações mais populosas, como a Alemanha e a França, pretendiam que decisões fossem tomadas por maioria de países que representem pelo menos 60% da população do bloco, Estados médios, notadamente a Espanha e a Polônia (que entra no bloco em maio próximo), eram favoráveis à manutenção do atual sistema, que os beneficia desproporcionalmente.
As diferenças entre os dois grupos foram tão fortes que alguns dos países mais ricos do bloco chegaram a ameaçar com a redução da assistência econômica às nações mais pobres. É a primeira vez que desavenças políticas na UE encontram expressão no terreno econômico.
A situação é delicada, mas a UE já superou dificuldades até mais graves no passado. Não há dúvidas de que o sistema de votação precisa ser revisto. O atual sistema foi concebido para uma UE de 15 membros, mas, a partir de maio, os países participantes serão 25. Conceitos que foram importantes no passado, como o de decisões por consenso, têm de ser revistos. Não se pode pretender um tratamento igualitário para, por exemplo, a Alemanha, com uma população de mais de 80 milhões e a terceira economia do mundo, e a pequena Malta, com menos de 500 mil habitantes. Desconsiderar qualquer critério populacional poderia levar a uma tirania de pequenos países, o que não faz nenhum sentido.
A experiência e o bom senso sugerem que a UE saberá resolver o atual impasse. Melhor que seja assim, pois é importante para o mundo que a Europa unida se consolide como um pólo alternativo aos EUA.


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