São Paulo, Terça-feira, 25 de Janeiro de 2000


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A GUERRA DOS REMÉDIOS

A questão do preço dos medicamentos adquiriu uma magnitude que já causa dissensões no governo federal. A equipe do ministro Pedro Malan (Fazenda), que se opõe ao controle de preços, tenta atenuar o impacto dos reajustes sustentando que, na média, os remédios subiram apenas 17,4% no ano passado, contra uma valorização do dólar de 48,01%. Já assessores do ministro José Serra (Saúde), menos contrários a alguma intervenção nesse mercado, tratam de realçar abusos, mostrando que, do Plano Real para cá, 118 remédios aumentaram mais que a valorização do dólar no período, que somou 78,9%.
Divergências à parte, o fato é que os preços de determinados remédios subiram, e subiram muito -em especial aqueles de uso contínuo. O problema reside em saber qual é a melhor estratégia para reduzi-los a um patamar compatível.
É prematuro propor o controle de preços: intervenções dessa natureza em geral conduzem ao desabastecimento e ao mercado negro. Isso não significa que o Estado não deva se aparelhar para garantir o funcionamento do livre mercado. Recorde-se que, em países desenvolvidos, as tentativas de monopolizar um setor são punidas com multas pesadas. Cumpre, pois, fornecer ao Executivo os meios indispensáveis para exercer seu papel regulador. Mas, até lá, é necessário tomar medidas imediatas para assegurar a concorrência.
Espera-se com especial atenção a adoção dos remédios genéricos, que devem começar a chegar ao mercado até o final do mês, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária. A impressão do nome genérico nas bulas e embalagens dos produtos permitirá, por exemplo, que o consumidor substitua o remédio caro por equivalente mais barato.
Além disso, o Estado pode usar os mecanismos de mercado a seu favor. A concentração não afeta apenas a oferta de medicamentos, mas também a demanda, dependente em larga medida das compras da rede pública. Redirecionando suas aquisições, diversificando seus fornecedores, o Estado pode estimular a competição no setor farmacêutico -contribuindo para a queda dos preços.


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