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PRESIDENTES A GRANEL
A ordem institucional no Equador
esteve perigosamente perto da ruptura violenta. O pior não aconteceu,
mas nada permite antever um futuro
tranquilo para o país andino. Ao contrário até, se se deve arriscar alguma
previsão, toda sorte de dificuldades e
muita turbulência são apostas seguras. O quadro de instabilidade parece
ser crônico. O novo presidente, Gustavo Noboa, desponta como sexto
mandatário desde 1996.
A situação econômica é preocupante. Em poucos dias, o sucre, a moeda
local, perdeu 15% de seu valor em relação ao dólar. E isso depois de uma
desvalorização de 67% em 1999. Para
piorar, fortes chuvas ameaçam a colheita. A tentativa de atrelar agora a
economia nacional à moeda norte-americana promete ser um remédio
amargo, dado o alto grau de endividamento em dólar de empresas e
pessoas físicas.
No plano social, a conjuntura não é
mais favorável. Os grupamentos indígenas que chegaram a ocupar o
Congresso não ficaram satisfeitos
com o desfecho dos acontecimentos
dos últimos dias e asseguram que
continuarão com os protestos. O risco de surgir dissensão no seio das
Forças Armadas é apenas o mais novo ingrediente da crise.
É auspicioso, ademais, constatar
que, com a dissolução da junta que
ensaiava tomar o poder e com a
transferência do comando da nação
para Gustavo Noboa, que ocupava a
Vice-Presidência do país, uma ruptura violenta tenha sido, pelo menos
por ora, evitada. Felizmente, já se foram os tempos em que as ditaduras
militares eram a regra na paisagem
da América Latina. Hoje, os países
que romperam com a ordem democrática são a exceção no subcontinente, mas ainda estão aí a lembrar que a
democracia é frágil e precisa ser cultivada de forma constante.
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