São Paulo, Terça-feira, 25 de Janeiro de 2000


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PRESIDENTES A GRANEL

A ordem institucional no Equador esteve perigosamente perto da ruptura violenta. O pior não aconteceu, mas nada permite antever um futuro tranquilo para o país andino. Ao contrário até, se se deve arriscar alguma previsão, toda sorte de dificuldades e muita turbulência são apostas seguras. O quadro de instabilidade parece ser crônico. O novo presidente, Gustavo Noboa, desponta como sexto mandatário desde 1996.
A situação econômica é preocupante. Em poucos dias, o sucre, a moeda local, perdeu 15% de seu valor em relação ao dólar. E isso depois de uma desvalorização de 67% em 1999. Para piorar, fortes chuvas ameaçam a colheita. A tentativa de atrelar agora a economia nacional à moeda norte-americana promete ser um remédio amargo, dado o alto grau de endividamento em dólar de empresas e pessoas físicas.
No plano social, a conjuntura não é mais favorável. Os grupamentos indígenas que chegaram a ocupar o Congresso não ficaram satisfeitos com o desfecho dos acontecimentos dos últimos dias e asseguram que continuarão com os protestos. O risco de surgir dissensão no seio das Forças Armadas é apenas o mais novo ingrediente da crise.
É auspicioso, ademais, constatar que, com a dissolução da junta que ensaiava tomar o poder e com a transferência do comando da nação para Gustavo Noboa, que ocupava a Vice-Presidência do país, uma ruptura violenta tenha sido, pelo menos por ora, evitada. Felizmente, já se foram os tempos em que as ditaduras militares eram a regra na paisagem da América Latina. Hoje, os países que romperam com a ordem democrática são a exceção no subcontinente, mas ainda estão aí a lembrar que a democracia é frágil e precisa ser cultivada de forma constante.


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