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CAMINHO DA PAZ
Numa rara e surpreendente
boa notícia, autoridades da Índia e do Paquistão concordaram em
estabelecer um calendário para discutir e resolver suas disputas. Pode
parecer pouco, mas o fato de os dois
Estados, que já travaram três guerras
desde que se tornaram independentes, em 1947, decidirem-se por uma
solução negociada para acertar suas
diferenças é uma boa notícia. Significa que, pelo menos por ora, eles não
consideram a guerra uma opção.
E, não é demais insistir, um novo
conflito na região poderia ter conseqüências desastrosas para o mundo.
Ambos os países possuem armas
nucleares. Se existe um cenário de
guerra no qual é concebível a utilização de artefatos atômicos, é justamente num confronto entre a Índia e
o Paquistão em torno da Caxemira, a
região majoritariamente muçulmana cujo controle está dividido entre a
Índia, com quase dois terços, o Paquistão, com um terço, e a China,
com cerca de um décimo.
Seria certamente precipitado celebrar o incipiente entendimento como a conquista da paz. As desconfianças mútuas e as dificuldades naturais de um processo de negociação
fazem entrever ainda um longo caminho até um entendimento duradouro. É até possível que a presente
iniciativa se mostre um fracasso. Essa não é a primeira vez que os dois
Estados buscam a via da negociação.
Ainda assim, é evidentemente melhor que estejam discutindo a paz do
que metidos em escaramuças na
fronteira, uma das mais militarizadas de todo o mundo.
Mudanças recentes na política paquistanesa permitem supor alterações na equação que gerava a disputa. É claro que o Paquistão não abriu
mão da Caxemira, mas vários analistas sugerem que ele já não a trate como uma questão fundamental. Nas
próprias Forças Armadas paquistanesas, seria crescente a percepção de
que é elevado demais o preço que o
país paga para manter a insurgência
na Caxemira indiana. Talvez haja aí
uma chance para a paz.
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