|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PERVERSÃO E FÉ
Padres e pedofilia. A combinação é explosiva. A Igreja Católica
tentou até onde pôde evitar o escândalo. Nesta semana, o papa João
Paulo 2º se viu constrangido a divulgar um comunicado aos cardeais e
bispos norte-americanos em que faz
veemente condenação da pedofilia:
"O abuso que provocou essa crise é,
de acordo com qualquer critério, errado e corretamente considerado um
crime pela sociedade; é também um
terrível pecado aos olhos de Deus".
A crise a que se refere o papa é a onda de acusações de pedofilia contra
padres católicos nos EUA. Desde janeiro, algumas dezenas de sacerdotes foram afastados de suas funções.
Bispos estão sendo severamente criticados por acobertar religiosos. A
Igreja Católica norte-americana já teria gasto algumas centenas de milhões de dólares em acordos secretos
para indenizar vítimas de padres.
O fenômeno não está restrito aos
EUA. Nos últimos anos, registraram-se várias dezenas de casos na
Europa. No Brasil, pelo menos um
sacerdote já foi condenado e há investigações em curso.
Embora a pedofilia seja um distúrbio psicossexual grave que pode acometer qualquer um, parece razoável
acreditar que a concentração de pedófilos nas fileiras da igreja seja
maior do que a verificada na população comum. Qualquer que seja a explicação para o viés, trata-se de uma
doença. Não há consenso sobre o
que a provoque e não se sabe se é
possível falar em cura. O problema
ganha contornos mais dramáticos
quando se analisa a questão do ponto de vista da sociedade. Mesmo que
se considerasse o pedófilo como um
doente, incapaz de refrear seus impulsos e de responder judicialmente
por suas ações, o Estado teria de tomar uma atitude em defesa da coletividade. As vítimas, vale lembrar, são
crianças e jovens, altamente influenciáveis por adultos que ocupem posições como a de padre ou médico.
É possível que seja incorreto punir
o pedófilo, mas a sociedade simplesmente não pode deixar de fazê-lo.
Texto Anterior: Editoriais: BATALHAS FISCAIS Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: Maquiagem talvez inútil Índice
|