São Paulo, quinta-feira, 25 de abril de 2002

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ELIANE CANTANHÊDE

Só chantagem

BRASÍLIA - O PMDB ameaça não formalizar o apoio ao tucano José Serra se ele não aceitar os nomes indicados para a Vice-Presidência pelos caciques do partido.
Os tucanos ameaçam (alguns usando o nome do próprio Serra) desistir de um nome do PMDB e oferecer a vaga de vice ao PFL.
Já o PFL continua ameaçando um apoio, mesmo que informal, a Ciro Gomes (PPS). É algo de que Serra não pode nem ouvir falar.
E o PPB decidiu não apoiar candidato nenhum, liberando suas bancadas para os acordos que bem entenderem nos Estados. Funciona como ameaça. Serra vai suar mais para ter o apoio de pepebistas na prática.
Tudo isso, mais o descarrilhamento do PTB para a candidatura Ciro, resulta que já era a ampla aliança (sem o PMDB, que ficou oficialmente fora) de FHC em 1998. E que os antigos parceiros partiram para atos explícitos de chantagem.
Uns daqui, outros dali tentam até derrubar Serra para botar outro no lugar. Mas que outro? Aécio Neves se sente honrado com a deferência, mas não vai se lançar nessa aventura. Tasso Jereissati tentou viabilizar seu nome, não conseguiu e, por mais mágoas que tenha, não é homem de passar rasteira desse jeito.
Por último, voltou a correr uma bizarra versão: a re-reeleição de FHC para a Presidência. Se as pessoas estão enlouquecendo, tudo bem. Mas não consta que FHC esteja fora de si o suficiente para ouvir algo assim sem cair na gargalhada. Ou, ao contrário, agredir o interlocutor...
Na realidade, Lula tem uma posição tranquila, Serra está num patamar razoável, Ciro sem o PFL não chega a ser ameaça, e Garotinho é apenas uma incógnita. Com o tempinho de TV que vai ter, será difícil deixar de ser apenas um Garotinho.
Com ou sem chantagem, Serra vai ser candidato do PSDB, numa aliança com o PMDB e apoios no PFL e no PPB. No mínimo, querer derrubar Serra não é sério. No máximo, não passa de inútil tentativa de golpe.



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