São Paulo, quinta-feira, 25 de abril de 2002

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CARLOS HEITOR CONY

Quatro erres

RIO DE JANEIRO - Os três erres que o Felipão botou em campo contra Portugal estão sendo louvados -e, embora com restrições, eu também acho que a solução para o nosso ataque na próxima Copa do Mundo passa por Rivaldo, Ronaldinho e Ronaldo Gaúcho.
Ponto pacífico -creio eu, um dos 180 milhões de abalizados técnicos nacionais. Mas fica faltando um erre neste ataque: Romário. Ora, dirão os 179 milhões, 999 mil e 999 técnicos restantes: isso seria bagunçar o esquema tático da seleção, que tende a ser 3-4-3.
Nada tenho contra qualquer tipo de formação. Mas acho que a equipe deve ser formada a partir das características principais de cada craque. Além do mais, o futebol brasileiro só é brilhante quando se torna ofensivo -mesmo quando perde. O exemplo das Copas de 1950 e 1982 prova isso. Não ganhamos aqueles canecos, mas apresentamos dois momentos excepcionais de nosso futebol.
Isso sem falar nas quatro vezes em que fomos campeões, quando nossas defesas não eram lá essas coisas, mas tínhamos um ataque faminto, sedento de gol.
Romário pode ser isso ou aquilo em matéria de disciplina ou de relacionamento com o técnico. Mas ninguém como ele, mesmo paradão e confuso quando está no meio-campo, ninguém como ele tem a visão, a oportunidade, a gula do gol.
Além disso, convenhamos, não faz diferença perdermos de 1 a 0 ou de 12 a 0. Ou de empatarmos de 0 a 0. Perderemos pontos de qualquer maneira. A solução é ganharmos os pontos necessários -e num jogo tenso, como o último, contra Portugal, quando empatamos por pênalti, a presença de Romário teria sido decisiva.
Não adianta insistir num meio-campo poderoso, numa defesa inexpugnável. Não será nunca a nossa praia. Em futebol, somos espadas: queremos chegar lá.


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