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CARLOS HEITOR CONY
Quatro erres
RIO DE JANEIRO - Os três erres que o Felipão botou em campo contra Portugal estão sendo louvados -e, embora com restrições, eu também acho
que a solução para o nosso ataque na
próxima Copa do Mundo passa por
Rivaldo, Ronaldinho e Ronaldo Gaúcho.
Ponto pacífico -creio eu, um dos
180 milhões de abalizados técnicos
nacionais. Mas fica faltando um erre
neste ataque: Romário. Ora, dirão os
179 milhões, 999 mil e 999 técnicos
restantes: isso seria bagunçar o esquema tático da seleção, que tende a
ser 3-4-3.
Nada tenho contra qualquer tipo
de formação. Mas acho que a equipe
deve ser formada a partir das características principais de cada craque.
Além do mais, o futebol brasileiro só
é brilhante quando se torna ofensivo
-mesmo quando perde. O exemplo
das Copas de 1950 e 1982 prova isso.
Não ganhamos aqueles canecos, mas
apresentamos dois momentos excepcionais de nosso futebol.
Isso sem falar nas quatro vezes em
que fomos campeões, quando nossas
defesas não eram lá essas coisas, mas
tínhamos um ataque faminto, sedento de gol.
Romário pode ser isso ou aquilo em
matéria de disciplina ou de relacionamento com o técnico. Mas ninguém como ele, mesmo paradão e
confuso quando está no meio-campo,
ninguém como ele tem a visão, a
oportunidade, a gula do gol.
Além disso, convenhamos, não faz
diferença perdermos de 1 a 0 ou de 12
a 0. Ou de empatarmos de 0 a 0. Perderemos pontos de qualquer maneira. A solução é ganharmos os pontos
necessários -e num jogo tenso, como o último, contra Portugal, quando empatamos por pênalti, a presença de Romário teria sido decisiva.
Não adianta insistir num meio-campo poderoso, numa defesa inexpugnável. Não será nunca a nossa
praia. Em futebol, somos espadas:
queremos chegar lá.
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