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REFORMA PALESTINA
Em meio à série de más notícias
relativas a guerras, revoltas e
atentados que vem do Oriente Médio, surge uma boa nova. O presidente da ANP (Autoridade Nacional
Palestina), Iasser Arafat, e o premiê
palestino, Mahmoud Abbas, mais
conhecido como Abu Mazen, chegaram a um acordo para formar um
novo gabinete. O acerto abre caminho para a implementação de um
novo plano de paz para a região.
As dificuldades ainda são enormes.
A criação do posto de premiê palestino era exigida por EUA e Israel para a
retomada das negociações. A idéia é
transformar Arafat numa espécie de
"rainha da Inglaterra", à frente de
um cargo que reúne muita pompa,
mas pouco poder de fato. Resta saber se o dirigente palestino vai realmente abrir mão do poder.
Apesar de Abu Mazen ser um aliado histórico de Arafat, ele conserva
certa independência. Alguns dos nomes que ele indicou para o gabinete
desagradaram Arafat, o que levou ao
impasse entre os dois. A crise só foi
superada após intensas pressões diplomáticas e a mediação do Egito.
Se o premiê palestino mostrar-se
razoavelmente forte, é possível que o
governo israelense decida retomar o
processo de paz. Isso implicaria congelar a construção de novos assentamentos judaicos nos territórios palestinos e, posteriormente, retirar
tropas dessas áreas, retornando às
posições de 2000, quando eclodiu a
segunda revolta palestina.
O passo seguinte seria a criação de
um Estado palestino provisório e,
em 2005, a do definitivo. Questões
mais delicadas como o status de Jerusalém ficariam para o final.
O premiê israelense, Ariel Sharon,
foi um defensor ferrenho dos assentamentos, mas provavelmente cederá se os EUA o pressionarem. A situação lembra um pouco a que se seguiu à primeira Guerra do Golfo, em
1991, e que levou aos primeiros acordos entre israelenses e palestinos.
Os obstáculos para a paz são enormes, mas seria precipitado afirmar
que ela não tem nenhuma chance.
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