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São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 2003

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REFORMA PALESTINA

Em meio à série de más notícias relativas a guerras, revoltas e atentados que vem do Oriente Médio, surge uma boa nova. O presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Iasser Arafat, e o premiê palestino, Mahmoud Abbas, mais conhecido como Abu Mazen, chegaram a um acordo para formar um novo gabinete. O acerto abre caminho para a implementação de um novo plano de paz para a região.
As dificuldades ainda são enormes. A criação do posto de premiê palestino era exigida por EUA e Israel para a retomada das negociações. A idéia é transformar Arafat numa espécie de "rainha da Inglaterra", à frente de um cargo que reúne muita pompa, mas pouco poder de fato. Resta saber se o dirigente palestino vai realmente abrir mão do poder.
Apesar de Abu Mazen ser um aliado histórico de Arafat, ele conserva certa independência. Alguns dos nomes que ele indicou para o gabinete desagradaram Arafat, o que levou ao impasse entre os dois. A crise só foi superada após intensas pressões diplomáticas e a mediação do Egito.
Se o premiê palestino mostrar-se razoavelmente forte, é possível que o governo israelense decida retomar o processo de paz. Isso implicaria congelar a construção de novos assentamentos judaicos nos territórios palestinos e, posteriormente, retirar tropas dessas áreas, retornando às posições de 2000, quando eclodiu a segunda revolta palestina.
O passo seguinte seria a criação de um Estado palestino provisório e, em 2005, a do definitivo. Questões mais delicadas como o status de Jerusalém ficariam para o final.
O premiê israelense, Ariel Sharon, foi um defensor ferrenho dos assentamentos, mas provavelmente cederá se os EUA o pressionarem. A situação lembra um pouco a que se seguiu à primeira Guerra do Golfo, em 1991, e que levou aos primeiros acordos entre israelenses e palestinos.
Os obstáculos para a paz são enormes, mas seria precipitado afirmar que ela não tem nenhuma chance.


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