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CRISE HOSPITALAR
Não é exatamente uma novidade afirmar que hospitais
-principalmente os públicos e os filantrópicos, que atendem pelo SUS
(sistema único de saúde)- estão em
situação de penúria. Pesquisa do
Cremesp (Conselho Regional de Medicina de São Paulo), divulgada pela
Folha no domingo, revela com nitidez os problemas mais graves.
Foram vistoriados pelo conselho
1.011 hospitais, prontos-socorros e
prontos-atendimentos paulistas. O
quadro que emerge da vistoria é
preocupante. Faltam equipamentos
e pessoal, a área física é muitas vezes
inadequada e determinados procedimentos básicos deixam de ser realizados com frequência.
Parte significativa dos problemas
detectados estão relacionados com
um antigo problema da área -a falta
de verbas. De acordo com o levantamento, apenas 34,9% dos hospitais
possuíam 91% ou mais dos equipamentos imprescindíveis na sala de cirurgia e 56,5% não tinham a aparelhagem mínima em suas unidades
de tratamento intensivo (UTIs). Não
é uma situação aceitável, ainda que
se possa reconhecer que estamos
nos referindo aqui a máquinas de
custo elevado, como respiradores e
monitores cardíacos.
Existe, porém, uma classe de problemas graves e comuns constatada
pelo Cremesp cuja solução não depende de novas e vultosas verbas. É
lamentável que 68,2% dos hospitais
não apresentem seus prontuários
corretamente preenchidos. Também
é constrangedor que apenas 34,2%
dos prontos-socorros obedeçam a
quesitos de biossegurança, isto é,
que nem sequer descartem seu lixo
de modo apropriado.
Ter seu prontuário corretamente
preenchido, isto é, de forma legível e
completa, é um direito do paciente e
que ainda reduz enormemente os
riscos de erros de diagnóstico, redundando em economia para o sistema. Seria até desnecessário mencionar quão absurdo é o fato de que boa
parte dos prontos-socorros não disponha nem das caixas de papelão para o descarte de agulhas usadas. Por
conta de uns poucos reais de economia, coloca-se em risco a saúde de
todas as pessoas que entrarão em
contato com os dejetos, o que inclui
médicos e enfermeiros -mas afeta
principalmente faxineiros e lixeiros.
Médicos e pessoal de saúde em geral podem e devem reivindicar mais
verbas para o setor, mas também
precisam levar em conta os direitos
do paciente e cumprir rotinas básicas
da boa prática médica, que são, por
vezes, deixadas de lado.
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