São Paulo, sábado, 25 de setembro de 2004

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FERNANDO RODRIGUES

Decantação partidária

BRASÍLIA - A vitória na cidade de São Paulo dará um discurso mais robusto ao PT ou ao PSDB, dependendo de quem ficar com o governo do maior município do país. Mas, do ponto de vista estritamente numérico, tanto tucanos como petistas tendem a sair das eleições de outubro como os principais atores políticos nos grandes centros urbanos.
Será mais uma etapa do longo processo de decantação partidária iniciado na década de 80, quando as eleições de 1982 tiveram a presença de várias agremiações -e não apenas a Arena e o MDB.
Com a volta do multipartidarismo pós-ditadura militar, o país chegou a ter perto de 40 partidos políticos ativos. Hoje, ainda sobram 27 registrados. Desses, apenas sete tiveram mais de 5% dos votos para deputado federal em 1998 e em 2002.
Neste ano, as pesquisas disponíveis até agora demonstram que duas siglas estão na frente nos grandes centros urbanos: PT e PSDB.
É natural que, num país de dimensões continentais como o Brasil, só sobrevivam os grandes. Se é assim com supermercados, por que não seria com partidos políticos?
Há uma espécie de ensaio de mimetização do que pode vir a ser o modelo vigente nos EUA: dois grandes partidos, com nomes e imagens diferentes, mas, na prática, fazendo quase a mesma coisa. Outras siglas são toleradas, mas não prosperam.
PT e PSDB já defendem as mesmas propostas macroeconômicas, a exemplo do que ocorre com os norte-americanos democratas e republicanos. A única diferença é uma imagem externa mais à esquerda do PT (democratas) ou mais de centro-direita do PSDB (republicanos).
Ou as siglas-mamute PMDB e PFL reagem ou o futuro político no Brasil será apenas de tucanos e de petistas. Para o bem e para o mal.


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