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FERNANDO RODRIGUES
Decantação partidária
BRASÍLIA - A vitória na cidade de São Paulo dará um discurso mais robusto ao PT ou ao PSDB, dependendo de quem ficar com o governo do
maior município do país. Mas, do
ponto de vista estritamente numérico, tanto tucanos como petistas tendem a sair das eleições de outubro como os principais atores políticos nos
grandes centros urbanos.
Será mais uma etapa do longo processo de decantação partidária iniciado na década de 80, quando as
eleições de 1982 tiveram a presença
de várias agremiações -e não apenas a Arena e o MDB.
Com a volta do multipartidarismo
pós-ditadura militar, o país chegou a
ter perto de 40 partidos políticos ativos. Hoje, ainda sobram 27 registrados. Desses, apenas sete tiveram mais
de 5% dos votos para deputado federal em 1998 e em 2002.
Neste ano, as pesquisas disponíveis
até agora demonstram que duas siglas estão na frente nos grandes centros urbanos: PT e PSDB.
É natural que, num país de dimensões continentais como o Brasil, só sobrevivam os grandes. Se é assim com
supermercados, por que não seria
com partidos políticos?
Há uma espécie de ensaio de mimetização do que pode vir a ser o modelo vigente nos EUA: dois grandes partidos, com nomes e imagens diferentes, mas, na prática, fazendo quase a
mesma coisa. Outras siglas são toleradas, mas não prosperam.
PT e PSDB já defendem as mesmas
propostas macroeconômicas, a exemplo do que ocorre com os norte-americanos democratas e republicanos. A
única diferença é uma imagem externa mais à esquerda do PT (democratas) ou mais de centro-direita do
PSDB (republicanos).
Ou as siglas-mamute PMDB e PFL
reagem ou o futuro político no Brasil
será apenas de tucanos e de petistas.
Para o bem e para o mal.
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