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FIM DE UM SONHO
Os últimos cinco aviões
Concorde que estavam em
operação passarão proximamente a
integrar o acervo de museus em Nova York, Seattle, Manchester, Bristol
e Barbados. A prevista aposentadoria
do belo supersônico ocorreu ontem,
depois de um vôo da British Airways
entre Londres e Nova York.
Fruto de um projeto franco-britânico, o Concorde voou pela primeira
vez em 1969. Havia àquela altura
mais de uma dezena de companhias
aéreas interessadas no avião. Problemas de custo, no entanto, agravados
pela crise do petróleo e por pressões
da indústria norte-americana acabaram provocando o cancelamento das
encomendas. Apenas a British Airways e a Air France viriam a usá-lo.
Em 1976, o Concorde voou para o
Rio. Em 1977 foi autorizado a operar
o primeiro serviço supersônico regular de passageiros sobre o Atlântico
Norte. O forte estrondo causado pelo
rompimento da barreira do som gerou a proibição de vôos supersônicos
sobre terra. O avião, então, era capaz
de fazer a rota Paris-Nova York em
3h45, contra uma média de 7h25 de
um Boeing-747. Gastava, no entanto, a mesma quantidade de combustível e transportava apenas 100 passageiros, contra os 350 transportados à
época pelo avião norte-americano.
A transformação do Concorde em
peça de museu encerra definitivamente um sonho dos anos 60, época
em que fantasias, em parte derivadas
da corrida espacial, então no auge,
sugeriam que a ciência mudaria radicalmente o cotidiano do homem
moderno: materiais sintéticos inspiravam a moda, imaginava-se que a
exemplo dos astronautas as pessoas
se alimentariam de pílulas, a Lua seria uma plataforma para a exploração do cosmos e na Terra voaríamos
a velocidades impensáveis.
A realidade mostrou-se diversa.
Venceu na aviação comercial o modelo norte-americano, mais econômico. E mesmo ele não evitou que o
setor enfrentasse continuadas crises.
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