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São Paulo, sábado, 25 de outubro de 2003

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FIM DE UM SONHO

Os últimos cinco aviões Concorde que estavam em operação passarão proximamente a integrar o acervo de museus em Nova York, Seattle, Manchester, Bristol e Barbados. A prevista aposentadoria do belo supersônico ocorreu ontem, depois de um vôo da British Airways entre Londres e Nova York.
Fruto de um projeto franco-britânico, o Concorde voou pela primeira vez em 1969. Havia àquela altura mais de uma dezena de companhias aéreas interessadas no avião. Problemas de custo, no entanto, agravados pela crise do petróleo e por pressões da indústria norte-americana acabaram provocando o cancelamento das encomendas. Apenas a British Airways e a Air France viriam a usá-lo.
Em 1976, o Concorde voou para o Rio. Em 1977 foi autorizado a operar o primeiro serviço supersônico regular de passageiros sobre o Atlântico Norte. O forte estrondo causado pelo rompimento da barreira do som gerou a proibição de vôos supersônicos sobre terra. O avião, então, era capaz de fazer a rota Paris-Nova York em 3h45, contra uma média de 7h25 de um Boeing-747. Gastava, no entanto, a mesma quantidade de combustível e transportava apenas 100 passageiros, contra os 350 transportados à época pelo avião norte-americano.
A transformação do Concorde em peça de museu encerra definitivamente um sonho dos anos 60, época em que fantasias, em parte derivadas da corrida espacial, então no auge, sugeriam que a ciência mudaria radicalmente o cotidiano do homem moderno: materiais sintéticos inspiravam a moda, imaginava-se que a exemplo dos astronautas as pessoas se alimentariam de pílulas, a Lua seria uma plataforma para a exploração do cosmos e na Terra voaríamos a velocidades impensáveis.
A realidade mostrou-se diversa. Venceu na aviação comercial o modelo norte-americano, mais econômico. E mesmo ele não evitou que o setor enfrentasse continuadas crises.


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