São Paulo, quarta-feira, 25 de dezembro de 2002

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IMPASSE PROLONGADO

Um dos principais ingredientes da elevada incerteza que domina o cenário econômico global diz respeito à debilidade da economia japonesa. A segunda maior economia do mundo se debate há mais de uma década numa crise que segue sem perspectiva de superação.
O estopim que deu início à crise japonesa, em fins da década de 80, foi o estouro de uma gigantesca bolha de supervalorização dos mercados acionário e sobretudo imobiliário. Muitas empresas quebraram, e a saúde dos bancos japoneses, que haviam financiado agressivamente a "farra" especulativa, foi comprometida pela explosão da inadimplência.
Ao fim da euforia, seguiu-se uma depressão que se estende até os dias de hoje. Condicionados por décadas de crescimento muito rápido e contínuo desde a década de 50, os agentes econômicos japoneses transitaram de uma posição otimista para uma de extrema cautela. O investimento privado se mantém retraído, a exemplo do consumo, a despeito de há anos o Banco do Japão vir mantendo a taxa de juros muito perto de zero.
Ao lado disso, as autoridades japonesas lançaram inúmeras medidas para sanear a carteira de crédito dos bancos, sem que isso os tenha permitido retomar a oferta de crédito. Falta demanda por empréstimos.
Diante de tamanha cautela dos agentes privados, o que impediu a economia japonesa de se manter em contração nos últimos anos foram recorrentes pacotes de corte de impostos e elevação de gastos públicos, que já levaram a uma imensa expansão do déficit e da dívida do setor público. O mais recente foi aprovado neste mês de dezembro, mas não suscitou entusiasmo.
A prolongada estagnação japonesa dificulta uma aceleração do crescimento da economia global. Como na Europa o que se prevê para 2003 é uma expansão ainda muito tímida, as esperanças e os temores continuam voltados para os EUA.


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