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FERNANDO RODRIGUES
As presidências da Câmara e Senado
BRASÍLIA - O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, fez três declarações de alguma relevância que foram
solapadas pela dura realidade política. O petista disse que anunciaria seu
ministério em bloco, que não sofreria
pressões e que o PMDB só não entraria no governo se não quisesse.
O ministério saiu a conta-gotas. As
pressões foram intensas, sobretudo de
dentro do próprio PT. O PMDB quis
participar do governo, mas Lula não
conseguiu acomodar essa sigla na Esplanada.
Esses pequenos obstáculos são uma
amostra de como será difícil para Lula, como seria para qualquer um,
construir uma maioria sólida dentro
do Congresso Nacional.
O primeiro grande teste que a administração petista enfrentará será a
eleição dos novos presidentes da Câmara e do Senado, marcada para o
dia 1º de fevereiro. Pela tradição das
duas Casas, serão presidentes os representantes dos partidos com a
maior bancada -PT na Câmara,
PMDB no Senado.
Ocorre que a prudência recomenda
evitar previsões definitivas sobre o
desfecho dessa disputa. Nos últimos
anos, as eleições para presidente da
Câmara e do Senado resultaram em
grandes problemas para FHC.
Em 2000, ACM e Jader Barbalho
tanto se atritaram na eleição pela
presidência do Senado que os dois
acabaram sem mandato. Ali começou o processo de auto-ejeção do PFL
da aliança fernandista. O PSDB acabou com uma coalizão frágil e perdeu
o Palácio do Planalto neste ano.
O PT começará a governar o Brasil
com uma base formal de apoio muito
pequena no Congresso. Terá de negociar muita coisa no varejo. A presidência da Câmara passará a ser cobiçada pelos partidos de grande porte
que ficaram de fora do governo.
Lula vai reagir. Não entregará de
mão beijada o terceiro cargo da República (o de presidente da Câmara)
para a oposição. Mas isso custará caro e certamente deixará feridas expostas durante algum tempo.
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