|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELIANE CANTANHÊDE
Abra o olho!
BRASÍLIA - A Igreja Católica não é de brincadeira. Foi importante e corajoso instrumento de resistência à
ditadura. E é uma boa formadora de
quadros políticos com conhecimento
do país e preocupação social.
Mas... está perdendo terreno para
as igrejas evangélicas, particularmente para a ainda pouco estudada
e criticada Igreja Universal.
Agora, por exemplo, o "must" da
eleição presidencial é a aproximação
do PT com o PL e de Lula com o deputado liberal Bispo Rodrigues, porta-voz da Universal.
O que pensam disso dom Luciano
Mendes de Almeida, dom Aloísio
Lorscheider, dom Ivo Lorscheiter e
tantos grandes nomes que emprestaram sua voz à resistência contra o regime militar e mantêm uma visão
política afiada de país?
O PT e a Igreja Católica são aliados
desde sempre, mas a CNBB mantém
uma estratégia muito diferente da
das demais igrejas. É uma formadora
de quadros, não de parlamentares.
Atua país afora por meio das Comunidades Eclesiais de Base, do Conselho Indigenista Missionário e dos
centros de direitos humanos, que
multiplicam idéias, atuam diretamente nas bases, forjam líderes -e
só eventualmente eles viram políticos.
Já as evangélicas optaram por um
atalho. Seus bispos foram direto aos
palanques, às urnas, ao Congresso. A
Universal, sozinha, tem uma bancada nada desprezível de 17 deputados
federais. Mais, por exemplo, do que
todo o PPS (13) e todo o PSB (16).
Enquanto a CNBB produz cartilhas
de discussão política, os pastores pulam nos partidos, os partidos pulam
no colo dos pastores e Anthony Garotinho (PSB) transforma culto evangélico em palanque. Collor "descobriu"
o rádio, e Garotinho, o templo.
As igrejas evangélicas vêm há tempos crescendo em publicidade, divulgação, ambição e poder. Têm rádios,
assumem TVs, recolhem milhões em
donativos no país inteiro.
Dizem que é para salvar almas e redimir pecadores. Mas nem sempre,
nem todas. A Igreja Católica deveria
abrir os olhos!
Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: O teorema Serra Próximo Texto: Rio de Janeiro - Mário Magalhães: Questões técnicas, meramente Índice
|