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MÁRIO MAGALHÃES
Questões técnicas, meramente
RIO DE JANEIRO - É cedo ainda para avaliar se a epidemia de dengue contaminará a campanha de José Serra.
Até agora não há indicação de que isso vá ocorrer.
Apreciações técnicas sobre a doença feitas por ele -e por um assessor
direto- quando ainda ministro da
Saúde já podem, no entanto, ser cotejadas com fatos:
1) Serra afirmou que a dispensa em
1999 de 5.792 mata-mosquitos contratados por temporada pela Funasa
(Fundação Nacional de Saúde) não
tem relação com ""o atual problema"
no Rio. Se os servidores tivessem sido
mantidos, ""o mais provável é que [a
situação" estivesse igual, se não pior",
disse Serra.
O recente envio às pressas de 1.018
mata-mosquitos de outros Estados e
o treinamento de 1.300 militares (por
falta de preparo, só entram em ação
em 6 de março) indicam o contrário:
a falta de pessoal qualificado, na prevenção e durante a crise, contribuiu
para o crescimento da epidemia;
2) o ex-ministro sustenta sua opinião com dados: em 1998, houve
32.382 casos notificados no Estado do
Rio. Em 1999, 9.083. Em 2000, 4.281.
""Em 99 e 2000, a dengue caiu muito",
disse. ""Ou seja: não há uma relação
entre o atual problema (...) e o problema dos mata-mosquitos".
Não é o que os dados sugerem. Em
1999, os mata-mosquitos trabalharam no verão. Em 2000, o Estado do
Rio se beneficiou de seis meses de prevenção feita pelos 5.792 agentes, só
afastados no fim de junho de 1999.
Em 2001, primeiro ano em que nos
12 meses do ano anterior (2000) os
contratados da Funasa não atuaram, houve 68.438 notificações. Em
2002 deve haver mais;
3) na semana passada, o presidente
da Funasa, Mauro Costa, dizia que a
epidemia no Rio era ""localizada".
""Houve redução da ocorrência de
dengue em 31%, se excluir os números do Rio", afirmou.
A observação subestima números
ascendentes em outros Estados. E, se
é para subtrair rincões, o recorde nacional de 1998 (559.237) cai em
51,77% com o sumiço dos casos de
Minas, Pernambuco e Paraíba.
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