CLÓVIS ROSSI

São Paulo - Relata o jornal "O Globo" que o deputado Arolde Oliveira chegou à conclusão de que, "no fim das contas, Itamar Franco é quem está com a razão".
Pequeno, mas significativo detalhe: Arolde Oliveira não é de qualquer partido oposicionista, mas do PFL, o mais dócil ao governo.
Vale, pois, repetir: Itamar atirou no alvo errado (a negociação da dívida dos Estados com a União), mas acabou acertando no que é, de fato, real. Estados (e também municípios) estão se inviabilizando financeiramente, pela conjunção de juros altos (que fazem com que gastem mais para pagar suas dívidas) e atividade econômica em queda (o que leva a uma redução na arrecadação de impostos).
É isso, no fundo, que os governadores, de situação ou de oposição, dirão hoje a FHC, ainda que o façam sem topete (no sentido literal e também no sentido figurado de atrevimento).
O que chama a atenção e pede mais tempo para decodificação é o teor da nota que o PFL emitiu anteontem, após a reunião entre seus governadores e a Executiva Nacional, bem como algumas declarações dos principais personagens.
É Itamar Franco, sem topete.
Como o PFL não abandona o governo a não ser quando este está moribundo, chega a assustar. Não acho que o governo FHC esteja em estado terminal, mas o comportamento mais recente do seu principal partido de apoio parece indicar que o problema político mais grave do presidente não se chama Itamar Franco. Chama-se debilitamento agudo.
P.S. - O ministro Paulo Renato (Educação) ligou para contestar toda a coluna de ontem. Opinião é opinião, não discuto. Mas corrijo um dos dados aqui citados e que o ministro diz ser incorreto: a redução (de R$ 0,20 para R$ 0,13 por aluno) no repasse de verbas para a merenda escolar só ocorrerá nas cidades atendidas pela Comunidade Solidária, porque, sempre segundo o ministro, estão se beneficiando de outro fundo federal, o Fundef.


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