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ELIANE CANTANHÊDE
Oposição e oposição
BRASÍLIA - A oposição se reuniu ontem em Brasília para dar dois recados: 1) está se reaglutinando para valer; 2) não quer botar fogo no circo
(apesar de admitir, daqui e dali, que
as labaredas já vão longe).
O discurso de Tasso Jereissati na semana passada é um bom delimitador do tom: critica o gerenciamento
do governo, as trapalhadas e o desmando, exige apuração do que deve
ser apurado e... discorda de mexidas
bruscas que afetem Palocci.
Jereissati falou mais como empresário do que em nome do PSDB ou
dessa frente de oposições, que nada
mais é do que uma versão atualizada
da aliança PSDB-PFL no governo
FHC, acrescida do PDT de Brizola.
Mas o que ele falou agrada a gregos
e a troianos da oposição. O presidente do PSDB, José Serra, leu o discurso
depois de feito e comentou: "Eu assinaria embaixo". Foi uma senha para
demonstrar "unidade tucana" e, assim, uma resposta ao comando petista que pretendia o PSDB dividido.
Com crise de governo, quem se divide
é o governo. A oposição se une.
Da reunião de ontem, fica a imagem de uma oposição dura no falar,
mas bem comportada no agir. Nada
de passeatas, gritarias, ruas, greves e,
muito menos, de "fora Lula!".
O problema do governo, portanto,
não é essa oposição institucional. É
outra, mais forte, insidiosa e ameaçadora: a que arma greves e a que se
prepara para ir às ruas -ou às invasões de terras, no caso do MST, que
vai recomeçar a festa em abril.
Só de servidores públicos já há uma
meia dúzia de greves, começadas ou
na agenda, com aeroportos intransitáveis, o porto de Paranaguá parado.
E, nesse caso -greves e manifestações-, a oposição vai logo avisando:
não tem nada a ver com isso.
Quem deu gás foi o próprio governo, ao deixar rolar uma greve da Polícia Federal por tanto tempo e tão à
vontade. É mais do que leniência. É
alimentar o inimigo. E, nesse caso,
sim, ajudar a botar fogo no circo.
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