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CLAUDIA ANTUNES
Salve-se quem puder
RIO DE JANEIRO - As investigações do caso Waldomiro Diniz não se esgotaram ainda, mas o foco da crise
passa gradualmente da ética para a
economia.
Se muitos brasileiros não sabem
exatamente quem é Waldomiro, com
certeza a maioria sente na pele o sufoco do mercado de trabalho. Não é à
toa que, a sete meses das eleições municipais, a ausência do crescimento
prometido como corolário do duplo
arrocho do ano passado se transformou na principal arma de pressão
político-eleitoral tanto na base governista quanto no recém-criado fórum
de partidos da oposição.
A cacofonia dentro dos grupamentos partidários não permite distinguir propostas de mudança ou ajuste
no campo econômico -e nem parece
ser esse o objetivo de coalizões tão esdrúxulas que conseguiram pôr juntos
Jorge Bornhausen, José Serra e Leonel
Brizola, de um lado, e José Dirceu,
Roberto Jefferson, Delfim Netto, Michel Temer e Valdemar Costa Neto,
do outro.
Os dois grupos mordem e assopram, atacam e depois fazem juras
de amor à "governabilidade", mas
sua vista está posta em outubro.
O pefelista Bornhausen diz que a
"crise é de autoridade e se chama Lula". Depois, assina nota em que acusa
a base governista "predatória" de
"jogar com a estabilidade da economia". O peemedebista Temer condiciona o apoio ao governo a medidas
que levem ao crescimento. Em seguida, seu partido se amansa com a promessa de liberação de verbas das
emendas orçamentárias.
Nos dois campos, não há quem se
habilite a pôr a mão de verdade no
vespeiro que é compatibilizar a administração da economia com as expectativas de mudanças expressadas
em 2002 e que agora se encontram
frustradas. Apontam-se caminhos
genéricos, fala-se de uma melhor "calibragem" macroeconômica. Mas
ninguém quer correr riscos, pois o calendário político já impôs sua lógica.
É a hora do salve-se quem puder.
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