São Paulo, domingo, 26 de abril de 2009

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ELIANE CANTANHÊDE

O imponderável

BRASÍLIA - Pode ser grave, pode ser simples, mas em qualquer hipótese a informação divulgada ontem na Folha por Diógenes Campanha e Mônica Bergamo sobre o tratamento de saúde da ministra Dilma Rousseff nos lembra que é muito cedo para certezas em relação a 2010. Tudo pode acontecer.
José Serra lidera com folga as pesquisas de intenção de votos hoje, mas é imprudente arriscar qualquer palpite sobre a sucessão. Depende de Lula manter sua altíssima popularidade, da recuperação da economia, das alianças partidárias, de acertos e erros (como os de Ciro Gomes) neste um ano e meio até a eleição. E depende do destino.
Assim, a descoberta de que Dilma está com um cateter para facilitar a aplicação de quimioterapia e a confirmação de que tem um tipo de câncer chamado linfoma são um dado relevante pelo lado humano e também pelo aspecto político.
Até aqui, a disputa presidencial está polarizada entre Serra, pela oposição, e Dilma, pelo governo. A presença dela na cena sucessória, em viagens, em anúncios do PAC, crescendo devagar e sempre nas pesquisas, é, inclusive, talvez até principalmente, um dado para desautorizar qualquer análise sobre um eventual impulso de Lula de trabalhar o terceiro mandato.
Quanto mais Dilma se afirma como candidata, mais a aventura da re-reeleição de Lula se enfraquece. Mas o inverso também é verdadeiro: se ela se inviabilizar por algum motivo, político ou não, a tese continuísta tende a voltar ao cenário político. Até porque Lula, o governo e o PT não têm outra opção. E o pau vai quebrar na base governista.
Agora, é aguardar o desenrolar das informações e do tratamento de Dilma, que faz muito bem em tornar tudo o mais transparente possível. Se curada, ela pode até crescer em popularidade. Ou seja: muita água vai rolar na política, na economia e na vida até 2010. Nunca se sabe o dia de amanhã. Nem sobre a eleição de amanhã.

elianec@uol.com.br


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