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ELIANE CANTANHÊDE
O imponderável
BRASÍLIA - Pode ser grave, pode
ser simples, mas em qualquer hipótese a informação divulgada ontem
na Folha por Diógenes Campanha
e Mônica Bergamo sobre o tratamento de saúde da ministra Dilma
Rousseff nos lembra que é muito
cedo para certezas em relação a
2010. Tudo pode acontecer.
José Serra lidera com folga as
pesquisas de intenção de votos hoje, mas é imprudente arriscar qualquer palpite sobre a sucessão. Depende de Lula manter sua altíssima
popularidade, da recuperação da
economia, das alianças partidárias,
de acertos e erros (como os de Ciro
Gomes) neste um ano e meio até a
eleição. E depende do destino.
Assim, a descoberta de que Dilma
está com um cateter para facilitar a
aplicação de quimioterapia e a confirmação de que tem um tipo de
câncer chamado linfoma são um
dado relevante pelo lado humano e
também pelo aspecto político.
Até aqui, a disputa presidencial
está polarizada entre Serra, pela
oposição, e Dilma, pelo governo. A
presença dela na cena sucessória,
em viagens, em anúncios do PAC,
crescendo devagar e sempre nas
pesquisas, é, inclusive, talvez até
principalmente, um dado para desautorizar qualquer análise sobre
um eventual impulso de Lula de
trabalhar o terceiro mandato.
Quanto mais Dilma se afirma como candidata, mais a aventura da
re-reeleição de Lula se enfraquece.
Mas o inverso também é verdadeiro: se ela se inviabilizar por algum
motivo, político ou não, a tese continuísta tende a voltar ao cenário
político. Até porque Lula, o governo e o PT não têm outra opção. E o
pau vai quebrar na base governista.
Agora, é aguardar o desenrolar
das informações e do tratamento
de Dilma, que faz muito bem em
tornar tudo o mais transparente
possível. Se curada, ela pode até
crescer em popularidade. Ou seja:
muita água vai rolar na política, na
economia e na vida até 2010. Nunca
se sabe o dia de amanhã. Nem sobre
a eleição de amanhã.
elianec@uol.com.br
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