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JOGO DEFINIDO
Frustrou-se a tentativa de alguns dirigentes de futebol de
pressionar o governo e criar um ambiente de rejeição ao novo Estatuto
do Torcedor e à chamada Lei de Moralização do Futebol. A ameaça de
suspender o andamento do Campeonato Brasileiro foi logo abandonada e o Ministério do Esporte assumiu a única posição aceitável no caso: defender a lei aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo
presidente da República.
Os sinais são de que o processo de
modernização da gestão do futebol
no Brasil avança, ainda que lentamente. A nova legislação vai na direção correta de enquadrar a atividade
num regime de maior transparência
administrativa, com a responsabilização de dirigentes por irregularidades. Da mesma forma, o reconhecimento de que o torcedor tem direitos
e deve ser tratado como consumidor
é um passo importante para a inclusão do futebol brasileiro em parâmetros mais avançados, a exemplo do
que ocorre em outros ramos da indústria de entretenimento.
O futebol é hoje, no mundo, um
grande negócio, um espetáculo que
envolve enormes platéias, poderosos
anunciantes, patrocinadores, contratos de televisão, venda de produtos esportivos etc. É lamentável que
no Brasil ainda se esteja a discutir
questões básicas, como se os assentos dos estádios devem ou não ser
numerados ou se o torcedor tem direito a conhecer o regulamento e a tabela de uma competição com alguma antecedência.
A desorientação mostrada pelos dirigentes após o encontro com o ministro do Esporte parece indicar que
as antigas práticas estão pouco a
pouco dando lugar a novas. É de esperar que os efeitos da legislação
possam induzir também a uma crescente renovação das lideranças do
setor e que o futebol brasileiro possa,
enfim, desfrutar de prestígio não
apenas dentro das quatro linhas,
mas também fora delas.
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