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GABRIELA WOLTHERS
O avanço do retrocesso
RIO DE JANEIRO - Mais três bebês morreram contaminados por bactérias em uma maternidade do Rio de
Janeiro. Agora, já são pelo menos 18
bebês mortos só neste mês de maio.
É bom ressaltar que são "pelo menos" 18, pois a Secretaria Municipal
de Saúde e a Vigilância Sanitária do
Estado só confirmaram os casos depois de noticiados pela imprensa.
Desses, 17 estavam internados em
hospitais municipais do Rio, que vem
a ser a segunda maior e mais desenvolvida cidade do Brasil.
A maioria dos bebês mortos era de
prematuros. Eram mais frágeis do
que os chamados "bebês a termo" e,
por isso mesmo, corriam mais riscos.
Risco de não conseguir respirar direito, risco de o aparelho digestivo não
estar em pleno funcionamento, risco
de perder muito peso por não ter força para se alimentar. Exatamente
por isso estavam internados.
Mas o que era para ser uma garantia maior de sobrevivência acabou
sendo a causa da morte. Os 18 bebês
morreram não porque apresentaram
piora em seu estado de saúde. Morreram porque foram contaminados.
Frise-se: foram contaminados dentro
dos hospitais, lugar que as pessoas
procuram confiantes de que encontrarão melhores condições de se tratar do que em casa.
Não foi o que aconteceu. A medicina foi uma das áreas que mais apresentou avanços nas últimas décadas.
Mas, por negligência -e não por falta de tecnologia-, é bem possível
que uma das mães que perderam
seus filhos esteja se perguntando: será
que ele ainda estaria vivo se eu tivesse optado por dar à luz com uma parideira, bem longe do hospital?
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