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Quadro inalterado
A
QUASE quatro meses das
eleições presidenciais, a
mais recente pesquisa do
Datafolha mostrou que pouco
mudou a distribuição nacional
das intenções de voto em relação
ao que o instituto apurara no início de abril. As ligeiras alterações
registradas vão no sentido de reforçar o favoritismo do petista
Luiz Inácio Lula da Silva para obter um segundo mandato e de aumentar as chances de que o pleito se decida sem necessidade da
realização de segundo turno.
Dos acontecimentos recentes
-desenvolvimentos do escândalo do mensalão e da quebra de sigilo do caseiro Francenildo Costa, crise do gás natural com a Bolívia e crise na segurança pública
paulista-, este último é o que parece mais ter influenciado na intenção de voto para presidente.
A diferença sobre Lula a favor do
tucano Geraldo Alckmin na Região Metropolitana de São Paulo,
no cenário em que não há candidato do PMDB (hoje o mais provável), caiu 10 pontos percentuais em relação a abril. Considerando-se apenas a capital paulista, a queda foi de 11 pontos.
Ainda assim, essa movimentação regional de monta repercutiu modestamente no cômputo
nacional, sem ultrapassar a margem de erro. A preferência por
Lula oscilou de 43% para 45%; as
intenções de voto em Alckmin
passaram de 23% para 22%.
A pouca alteração do quadro
eleitoral não é, evidentemente,
notícia de significado político
neutro. Quanto mais a data da
eleição se aproxima sem que os
grandes números do Datafolha
sofram alteração significativa,
mais o interesse eleitoral de Lula
se beneficia. A confirmar-se a ausência de candidato do PMDB ao
Planalto, tudo se soma para aumentar a probabilidade de o petista vencer no primeiro turno.
Alckmin tem na sua baixa rejeição -14%, contra 27% de Lula- um trunfo a explorar. Mas
transformar esse trunfo em votos a favor demanda um grande
trabalho. E deixar para fazê-lo
com mais ênfase apenas quando
a campanha oficial começar -a
45 dias do pleito- talvez seja
uma estratégia arriscada demais.
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