São Paulo, sexta-feira, 26 de maio de 2006

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Quadro inalterado

A QUASE quatro meses das eleições presidenciais, a mais recente pesquisa do Datafolha mostrou que pouco mudou a distribuição nacional das intenções de voto em relação ao que o instituto apurara no início de abril. As ligeiras alterações registradas vão no sentido de reforçar o favoritismo do petista Luiz Inácio Lula da Silva para obter um segundo mandato e de aumentar as chances de que o pleito se decida sem necessidade da realização de segundo turno.
Dos acontecimentos recentes -desenvolvimentos do escândalo do mensalão e da quebra de sigilo do caseiro Francenildo Costa, crise do gás natural com a Bolívia e crise na segurança pública paulista-, este último é o que parece mais ter influenciado na intenção de voto para presidente. A diferença sobre Lula a favor do tucano Geraldo Alckmin na Região Metropolitana de São Paulo, no cenário em que não há candidato do PMDB (hoje o mais provável), caiu 10 pontos percentuais em relação a abril. Considerando-se apenas a capital paulista, a queda foi de 11 pontos.
Ainda assim, essa movimentação regional de monta repercutiu modestamente no cômputo nacional, sem ultrapassar a margem de erro. A preferência por Lula oscilou de 43% para 45%; as intenções de voto em Alckmin passaram de 23% para 22%.
A pouca alteração do quadro eleitoral não é, evidentemente, notícia de significado político neutro. Quanto mais a data da eleição se aproxima sem que os grandes números do Datafolha sofram alteração significativa, mais o interesse eleitoral de Lula se beneficia. A confirmar-se a ausência de candidato do PMDB ao Planalto, tudo se soma para aumentar a probabilidade de o petista vencer no primeiro turno.
Alckmin tem na sua baixa rejeição -14%, contra 27% de Lula- um trunfo a explorar. Mas transformar esse trunfo em votos a favor demanda um grande trabalho. E deixar para fazê-lo com mais ênfase apenas quando a campanha oficial começar -a 45 dias do pleito- talvez seja uma estratégia arriscada demais.


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