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São Paulo, quinta-feira, 26 de junho de 2003

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FED, JUROS E RISCOS

O Comitê de Mercado Aberto do Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano, reduziu a taxa de juro básica de 1,25% ao ano para 1%, abrindo ainda mais o diferencial em relação ao juro básico europeu, que está em 2%. Considerando que a inflação foi de 2,1% em maio, a taxa de juro real básica (ou seja, a taxa de juros menos a inflação) tornou-se ainda mais negativa.
No mês de maio, a variação do índice de preços ao consumidor foi zero, e o índice de preço ao produtor caiu 0,3%. Esses indicadores projetam uma inflação anual nos EUA entre zero e 1% em dezembro. O risco de a economia norte-americana entrar em uma queda ampla e sistemática de preços condiciona as decisão do Federal Reserve. A política monetária implementada pelo Fed tem sido altamente expansionista: taxa de juro cada vez mais negativa e uma agressiva oferta de moeda -a emissão de dólar cresceu 7% em 2002.
Essa política monetária leniente auxilia a recomposição dos portfólios e das dívidas das famílias, das corporações e das instituições financeiras. Com isso, espera-se uma retomada no crescimento econômico e uma redução da atual taxa de desemprego de 6,1%, que atinge 8,8 milhões de trabalhadores.
Todavia essa não é uma estratégia sem risco. Taxas de juros negativas desencadeiam a desvalorização do dólar. A moeda norte-americana já perdeu 20% do seu valor em relação ao euro nos últimos 12 meses. O dólar desvalorizado amplia as exportações, mas afasta os investidores estrangeiros, podendo dificultar o financiamento do elevado déficit comercial norte-americano. Além disso, taxas de juros muito baixas por longos períodos podem acabar inflando ainda mais a bolha imobiliária. O mercado de imóveis continua muito dinâmico, mas os preços dos aluguéis sinalizam queda. Há, portanto, riscos externos e internos que precisam ser monitorados para promover a recuperação da economia norte-americana.


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