UOL




São Paulo, quinta-feira, 26 de junho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELIANE CANTANHÊDE

"Tempo de plantar, tempo de colher'

BRASÍLIA - Na terça, agricultura familiar. Na quarta, microcrédito para quem não tem nem conta bancária. Na semana que vem, o programa Primeiro Emprego. Mas tem mais!
Até aqui, o dinheiro vem do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), de depósitos à vista e apenas uma parcela (R$ 150 milhões) do Orçamento. Mas isso é para fechar o primeiro semestre com boas notícias, solenidades e discursos do presidente. As gafes? Bem, isso é outra história.
Para abrir o segundo semestre, a expectativa é que o presidente e seus ministros comecem a liberar verbas do Orçamento e, enfim, a governar. Não satisfeito com um superávit primário (contenção para pagar juros) estipulado em 4,25% do PIB para este ano no acordo com o FMI -o que já é um sacrifício imenso-, o governo exibe um superávit próximo de 7% no acumulado do ano. Haja arrocho!
Desculpas não faltam: o governo do PT não conhece a máquina, há muita coisa errada, é preciso fazer auditorias e mudar tudo. Afinal, tudo e todos são novos. Então, ninguém faz nada, o que equivale a dizer não gasta nada. E o cofre crescendo...
A partir de julho, essa "economia" toda, hoje tão criticada, pode virar o grande trunfo governista para ampliar as solenidades e os discursos (com ou sem gafes de Lula). Depois dos microcréditos, investimentos. Em estradas, habitação, saneamento, saúde e educação, por exemplo. Tudo gerando não só ações necessárias de governo como mais empregos e boas notícias para o povo. Oba, oba.
O ministro Cristovam Buarque andou dizendo que, no segundo semestre, vai ter grana até para aumentar o Fundef. Promessa de quem? De Lula. E com base em quê? No dinheiro sovinamente guardado e materializado no supersuperávit primário.
No primeiro semestre, com muito gás político e boa vontade do eleitorado, Lula trancou o cofre. No segundo, com o governo apanhando pela macroeconomia conservadora e a votação da reforma da Previdência, a ordem é abrir. Tudo faz enorme sentido político. Mas e os juros, hein?


Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: Não é ameaça; é despautério
Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Os náufragos do PT
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.