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ELIANE CANTANHÊDE
De pontes e dinamites
BRASÍLIA - Fechar a eleição presidencial no primeiro turno tem vantagens e desvantagens políticas. A principal vantagem: a chance de manter
as pontes entre PSDB e PT para o novo governo. A principal desvantagem: a falta de uma boa e saudável
reacomodação dos partidos em blocos.
Lula admite tucanos em seu governo, e não é só da boca para fora. Os
dois partidos disputam na prática,
mas têm pontos de convergência. O
PSDB quer o PT numa eventual vitória de Serra. E o PT precisa do PSDB
numa possível vitória de Lula. Mesmo que não institucionalmente.
As pontes entre PSDB e PT vêm sendo construídas ao longo da campanha, com a participação direta de
FHC. Os programas de Serra considerados agressivos pelo PT tiveram o
poder de estremecê-las, mas não o de
dinamitá-las -ainda, pelo menos.
A grande ameaça é o segundo turno. Agora, não convém ao PT revidar os ataques, e o PSDB recuou, mas
um segundo turno é zero a zero e cara a cara. As condições são iguais, os
tempos de TV também, não dá para
o PT fingir que não é com ele. Daí a
uma guerra é um passo. Depois, não
há governo do PT que suporte o
PSDB. E vice-versa.
A grande desvantagem de não haver segundo turno é não haver, simultaneamente, a chance e a circunstância para a reaglutinação das
forças políticas. O segundo turno é
justamente para isso: para os partidos e para os políticos se reacomodarem em grandes blocos que vão disputar a condição de situação ou de
oposição ao novo governo.
É conveniente para os vitoriosos e
necessária para os derrotados. No caso do PFL, em que cada cacique foi
para um lado, a torto e a direito, é
fundamental. Nos outros também.
De tudo isso vai depender a personalidade e as chances do governo.
E se o segundo turno for entre Lula
e Garotinho? Bem, aí já é uma outra
história. E que história...
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