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MARCELO BERABA
A imagem do governo
RIO DE JANEIRO - O governo Lula se comunica mal. Foi o que disseram
nos últimos dias duas respeitadas autoridades, o ministro da Comunicação de Governo e Gestão Estratégica,
Luiz Gushiken, e seu assessor especial, Bernardo Kucinski. Os dois estão
de acordo quanto a faltar coordenação entre os setores que cuidam da
política de comunicação. É preciso
"pôr ordem na casa", resume Kucinski.
O diagnóstico dos dois é o mesmo,
mas as receitas que imaginam para a
elaboração de uma estratégia para a
área curiosamente diferem.
Kucinski voltou dos Estados Unidos
com a idéia reforçada de construir
uma política com base em três pontos: a unificação do comando da comunicação (hoje disperso em três estruturas distintas, o ministério, a assessoria da Presidência e o porta-voz), a institucionalização e profissionalização do relacionamento do
governo com a mídia e, por fim, a
adoção do princípio republicano da
prestação de contas.
No balanço que fez para a Folha de
sua viagem, Kucinski ressaltou que
uma grande diferença dos EUA para
o Brasil é que lá o governo se comunica com seus cidadãos através dos
meios de comunicação, e não da propaganda. "Eles nem sabem o que é
propaganda institucional".
É nesse ponto que Kucinski parece
se distanciar do ministro. Ao delegar
ao publicitário Duda Mendonça o
papel de consultor oficial e executor
da política de propaganda do governo, Gushiken dá ênfase a um aspecto
da comunicação que Kucinski questiona, o da publicidade. A preocupação principal de um parece ser com a
circulação de informações; a do outro, com a imagem do governo.
Um governo pode obter uma avaliação positiva por vários caminhos.
O menos consistente tem sido o da
autopromoção e do uso abusivo das
ferramentas da publicidade.
O debate é bom e não se resume a
esses pontos.
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