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São Paulo, quarta-feira, 26 de novembro de 2003

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CLÓVIS ROSSI

O torneio da mediocridade

SÃO PAULO - Era uma vez um presidente da República, chamado Luiz Inácio Lula da Silva, que anunciou, lá pelo meio do ano, o iminente início do "espetáculo do crescimento".
Agora, um de seus mais antigos auxiliares, de nome Guido Mantega, ministro do Planejamento, vem brigar contra o "pessimismo" de seus colegas da Fazenda, que previram um crescimento de apenas 0,4% para a economia neste ano.
Segundo o otimista Mantega, o crescimento vai ser o dobro, pura e simplesmente: fantástico, 0,8%. Seria ridículo, não fosse trágico.
Faz lembrar, inexoravelmente, a piada do otimista que pediu um cavalo de presente ao pai, abriu a porta no dia seguinte, viu os dejetos do bichinho e ficou todo satisfeito, certo de que o animal propriamente dito logo se materializaria.
É assim que estamos: o pessimista prevê 0,4%, o otimista se contenta com a caca do cavalo. É um espetáculo, de fato, embora não exatamente de crescimento.
O governo do PT tem tão pouco a comemorar que fica fazendo ruído sobre 0,4% ou 0,8% de crescimento (o que não passa de mais um ano de estagnação). Em circunstâncias normais, qualquer governo silenciaria sobre esse desempenho. Mas quem não tem o que comemorar festeja a mediocridade.
Do lado da oposição, não vamos lá muito melhor. A propaganda que o PFL lançou na segunda-feira na TV diz, primeiro, que Lula foi eleito em nome das mudanças, para acrescentar que, até agora, "tudo continua igual".
Faltou dizer: igual à porcaria que deixamos (PFL e PSDB) ao terminar nosso governo.
Como se vê, está em pleno andamento o torneio da mediocridade. Difícil dizer quem vai ganhar, mas está claríssimo quem está perdendo: um tal de Brasil.


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