São Paulo, sexta-feira, 26 de novembro de 2004

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JUROS EM ALTA

A economia brasileira registrou "alguma" desaceleração nos últimos meses, mas ainda insuficiente para reverter as expectativas de inflação, segundo análise dos membros do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom). A inflação atingiu 6,87% nos 12 meses findos em outubro. As expectativas do mercado projetam uma inflação de 7,19% no ano -que ficaria, assim, dentro da margem de tolerância da meta, que vai até 8%.
Para 2005, as expectativas apontam inflação de 5,9%, acima do objetivo anunciado pelo BC, de 5,1%. Diante disso, o Copom sinalizou em sua ata que o processo de alta da taxa básica de juros, que já subiu 1,25 ponto percentual, deverá persistir e poderá até mesmo se intensificar para garantir uma trajetória de aumento de preços compatível com a meta fixada.
Embora se verifiquem algumas pressões internas, a recente alta da inflação está associada preponderantemente às cotações internacionais do petróleo e das commodities agrícolas e metálicas. Grande parte desses aumentos está vinculada à retomada da economia mundial e ao crescimento da produção industrial brasileira liderado pelas exportações. Como os principais movimentos de alta têm origem externa ou decorrem da indexação das tarifas públicas, a elevação dos juros tem de ser forte o bastante para desencadear uma deflação nos preços livres.
Com isso, mais uma vez o BC, em nome de uma meta de inflação ambiciosa, e na crença de que a economia brasileira não pode crescer acima de 4% ao ano, vai impondo restrições à expansão da atividade econômica e contribuindo para a elevação da dívida pública. A ata do Copom divulgada ontem é, nesse sentido, mais uma peça desalentadora para o setor produtivo e para as perspectivas de um crescimento mais vigoroso e contínuo da economia brasileira.


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