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PANDEMIA ANUNCIADA
Infectologistas da Organização Mundial da Saúde voltaram a
anunciar ontem a inevitável eclosão,
em breve, de uma nova pandemia
global de gripe, mais ou menos nos
mesmos moldes da gripe espanhola
de 1918-19, que matou entre 20 e 40
milhões de pessoas. Sabem até de
onde virá a ameaça: das galinhas, como a grande maioria das variantes
do vírus influenza, que causa a gripe.
Os sinais de que o próximo surto se
aproxima estão nos focos de gripe
aviária pela cepa H5N1, que desde
dezembro do ano passado vêm irrompendo na Ásia. Embora essa variante já tenha rompido a barreira
das espécies e infectado humanos, a
maioria dos quais morreu, não se verificou a transmissão de pessoa a
pessoa, o que vem mantendo a
ameaça sob controle. O risco é que a
cepa aviária infecte alguém que carregue também o vírus da gripe humana, e os microrganismos troquem material genético, dando lugar
a uma mutação que poderia ser letal
e transmissível entre pessoas.
É para essa eventualidade que os
serviços de vigilância epidemiológica
têm de preparar-se. Ao contrário de
1918-19, a eclosão de uma nova pandemia de gripe não precisa dar lugar
a vários milhões de óbitos. A medicina evoluiu consideravelmente nas últimas décadas -e podem-se fazer
vacinas para prevenir o mal.
O problema é que a única técnica
comercialmente viável de fabricação
de vacina para a gripe utiliza ovos de
galinha. Não se pode descartar um
cenário em que a evolução da gripe
do frango inviabilize a utilização dessa tecnologia. Assim, é reconfortante
verificar que o Instituto Butantan,
além de estar prestes a adquirir a auto-suficiência na produção de vacinas licenciadas, tenta desenvolver
por sua própria conta uma técnica
que prescinda dos ovos de galinha.
No contexto de uma pandemia, os
países que não forem capazes de fabricar suas próprias vacinas terão de
se conformar em arrematar, sabe-se
lá a que preço, os excedentes das nações tecnologicamente capazes.
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