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GABRIELA WOLTHERS
Tem gente sobrando
RIO DE JANEIRO - Agora fechado, o ministério de Luiz Inácio Lula da Silva traz boas expectativas e uma forte preocupação. Apesar de as atenções
estarem mais voltadas para a economia, é alentador que Lula tenha escolhido uma pessoa de sua confiança para o Ministério da Justiça. Márcio
Thomaz Bastos assume uma das pastas mais conturbadas da era FHC,
tão conturbada que chegou a ter nove titulares em oito anos de governo.
Mais alentador ainda é o novo ministro ter resumido sua prioridade
dizendo que "o que combate a criminalidade não é o tamanho da pena,
mas a certeza da punição". Um bom começo.
Por mais irônico que seja, a preocupação fica por conta da área social,
justamente a que Lula disse que iria
tratar com mais carinho. Como todo
mundo sabe, o próximo governo terá
um Orçamento apertado. E, quando
falta dinheiro, a lógica manda centrar esforços para que não haja pulverização do pouco que se tem. Pois a
análise do organograma do ministério deixa claro que há uma tendência
a sobreposição de funções. Ficou parecendo que Lula teve de criar cargos
para encaixar sua tropa.
Se o PT ainda está atrás de recursos
para garantir o sucesso da Secretaria
de Segurança Alimentar e Combate à
Fome de José Graziano, seria mesmo
necessário um Ministério da Assistência e Promoção Social para Benedita da Silva? Se não bater cabeça
com Graziano, escapará ela de trombar com Tarso Genro, da Secretaria
de Desenvolvimento Econômico e Social? E por falar em Tarso Genro, conseguirá ele tomar alguma medida
que não interfira nas pastas de Olívio
Dutra (Cidades) ou de Ciro Gomes
(Integração Nacional)?
O mais grave aqui não é o emprego
público que cada um desses personagens conseguiu. Nem ponho em dúvida que eles estejam com a melhor das
boas vontades. O problema é que cada ministério ou secretaria clama por
uma estrutura que consome tempo e
dinheiro para ser montada -e não
consta que o Brasil tenha mais tempo
ou dinheiro a perder.
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