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Novos desmatamentos
NÃO CHEGOU A SER uma surpresa: o Ministério do
Meio Ambiente já havia
detectado, desde agosto, que o
desmatamento em larga escala
na Amazônia voltou a crescer.
Ainda assim os números divulgados na quarta-feira foram mais
dramáticos que o esperado, com
a constatação de que as motosserras haviam destruído no mínimo 3.235 km2 de floresta -o
equivalente a dois municípios de
São Paulo- em cinco meses. E
esse número ainda pode mais
que duplicar.
Reverteu-se com isso a tendência de diminuição do desmate, registrada desde 2005. As
imagens de satélite também deram pistas para identificar os vilões da história: a floresta diminuiu bem mais em áreas de Mato
Grosso cultivadas com soja e no
Pará, onde prevalece a pecuária.
O governo federal teria instrumentos para conter esse deterioração ambiental. Possui um Plano de Prevenção e Controle do
Desmatamento e, já em 2005,
havia baixado um decreto que
ameaçava suspender a licença de
propriedades rurais que não demonstrassem cumprir a lei ambiental em 200 municípios. Há
ainda a proibição, jamais cumprida, de o Banco da Amazônia
dar créditos a quem não comprovar boa conduta ecológica.
Outra possibilidade é certificar
municípios e propriedades ambientalmente responsáveis, como prevê decreto de dezembro.
Parte do mercado externo de
carne e grãos é sensível a esses
selos verdes.
Ninguém ignora que, dentro
do governo, os "ambientalistas"
-que deram clara demonstração
de força, ao conseguir reduzir o
volume de desmate por três anos
consecutivos- estão em constante embate com os "pragmáticos", mais preocupados com as
exportações.
Na quinta-feira, o governo
anunciou que passaria a aplicar a
lei. Até agora, no entanto, vem
pecando por omissão.
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