|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Editoriais
editoriais@uol.com.br
Faculdades em transição
É DESCABIDA a reivindicação,
pelo Fórum das Entidades
Representativas do Ensino
Superior Particular, de uma linha de financiamento subsidiada com dinheiro público para enfrentar supostos efeitos da crise
econômica em seu ramo de negócio. A sobra de vagas nas instituições privadas antecede a crise
e decorre, em realidade, de uma
saturação. Não há por que socorrer o setor, que deve ajustar-se
por mecanismos de mercado.
A razão mais saliente a desaconselhar o socorro está na substancial ajuda oficial que universidades particulares já recebem.
Com o Programa Universidade
para Todos (ProUni) a União
abrirá mão de R$ 394 milhões
em impostos neste ano para custear a ocupação de vagas privadas por alunos de baixa renda.
Em 2008, foram 225 mil vagas.
Se 42% das instituições ouvidas em pesquisa do sindicato setorial paulista anunciam que terão menos alunos novos em
2009, isso não resulta de falta de
capital. O subsídio que o BNDES
já considera conceder serviria só
para dar fôlego a cursos insustentáveis, por falta de demanda,
e muitas vezes de má qualidade.
Condicionar o crédito ao cumprimento de padrões de ensino,
como se cogita, parece apenas
um pretexto, pois já é obrigação
do Estado exigir essa qualidade.
O crescimento vigoroso do ensino superior privado nos últimos anos teve o mérito de oferecer oportunidades de estudo a
uma grande parcela da sociedade
que estava tradicionalmente alijada desse benefício. No Estado
de São Paulo, o número de instituições passou de 266 para 496
de 1997 a 2007, um aumento de
86%. Em escala nacional, o setor
crescia a taxas de 10% anuais,
mas de 2006 a 2007 estacionou.
O segmento deve agora passar
por uma consolidação natural,
processo do qual se espera que
emerjam instituições mais robustas -sob o prisma financeiro
e o pedagógico.
Texto Anterior: Editoriais: A caravana prossegue Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: Maçanetas e dignidade Índice
|