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O MAPA DA PAZ
É histórica a decisão do governo de Israel de aceitar em
princípio o plano de paz proposto
pelos Estados Unidos, União Européia, Rússia e ONU. Essa é a primeira vez que Israel admite oficialmente
a criação de um Estado palestino.
Mesmo sem querer negar a importância do acontecimento, é preciso
recorrer ao saudável ceticismo para
analisar com realismo as perspectivas de o processo de paz avançar.
Muitos apostam que Ariel Sharon, o
premiê israelense, decidiu subscrever o plano apenas devido à forte
pressão norte-americana. Na realidade, estaria só esperando o premiê
palestino Abu Mazen fracassar em
seu compromisso de conter os atentados terroristas para abandonar o
acordo. De fato, são consideráveis as
chances de Abu Mazen não conseguir controlar os grupos extremistas.
Essa tese é verossímil, principalmente quando se considera o passado de Sharon: general de linha dura,
responsável pela invasão do Líbano
em 1982, idealizador e incentivador
dos assentamentos judaicos nos territórios palestinos, cujo desmonte é
um aspecto fundamental para que se
possa selar a paz. Seria injusto, contudo, deixar de reconhecer que, desde que se tornou premiê, Sharon
moderou suas posições extremistas,
desagradando aos setores ultraconservadores da sociedade israelense.
Vale lembrar que foi um premiê de
direita, Menachem Begin, quem primeiro celebrou a paz com um Estado
árabe, o Egito, em 1978.
Se a precondição de Sharon, de que
cesse o terrorismo, já é um objetivo
difícil de ser atingido, outros mais
complexos estão por vir: a situação
de Jerusalém e o direito de retorno
para os refugiados palestinos.
O bom andamento das negociações dependerá bastante do grau de
pressão que a comunidade internacional consiga impor às duas partes.
Nisso, o governo de George W. Bush
tem um papel fundamental, seja por
sua ascendência sobre Israel, seja pela necessidade política de demonstrar que seus interesses na região não
se resumem a petróleo e ao apoio irrestrito às causas judaicas.
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