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São Paulo, terça-feira, 27 de maio de 2003

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O MAPA DA PAZ

É histórica a decisão do governo de Israel de aceitar em princípio o plano de paz proposto pelos Estados Unidos, União Européia, Rússia e ONU. Essa é a primeira vez que Israel admite oficialmente a criação de um Estado palestino.
Mesmo sem querer negar a importância do acontecimento, é preciso recorrer ao saudável ceticismo para analisar com realismo as perspectivas de o processo de paz avançar. Muitos apostam que Ariel Sharon, o premiê israelense, decidiu subscrever o plano apenas devido à forte pressão norte-americana. Na realidade, estaria só esperando o premiê palestino Abu Mazen fracassar em seu compromisso de conter os atentados terroristas para abandonar o acordo. De fato, são consideráveis as chances de Abu Mazen não conseguir controlar os grupos extremistas.
Essa tese é verossímil, principalmente quando se considera o passado de Sharon: general de linha dura, responsável pela invasão do Líbano em 1982, idealizador e incentivador dos assentamentos judaicos nos territórios palestinos, cujo desmonte é um aspecto fundamental para que se possa selar a paz. Seria injusto, contudo, deixar de reconhecer que, desde que se tornou premiê, Sharon moderou suas posições extremistas, desagradando aos setores ultraconservadores da sociedade israelense. Vale lembrar que foi um premiê de direita, Menachem Begin, quem primeiro celebrou a paz com um Estado árabe, o Egito, em 1978.
Se a precondição de Sharon, de que cesse o terrorismo, já é um objetivo difícil de ser atingido, outros mais complexos estão por vir: a situação de Jerusalém e o direito de retorno para os refugiados palestinos.
O bom andamento das negociações dependerá bastante do grau de pressão que a comunidade internacional consiga impor às duas partes. Nisso, o governo de George W. Bush tem um papel fundamental, seja por sua ascendência sobre Israel, seja pela necessidade política de demonstrar que seus interesses na região não se resumem a petróleo e ao apoio irrestrito às causas judaicas.


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