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ALERTA AMBIENTAL
É extremamente preocupante o dado, ainda provisório, de
que o desmatamento na Amazônia
cresceu 40% no biênio 2001-2002 em
relação ao período anterior. A estimativa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), feita a partir
de amostragem de imagens de satélite da floresta, ainda está sujeita a revisão. Mas, se a informação se confirmar, essa terá sido a segunda maior
perda de mata dos últimos 15 anos.
Com efeito, a área desflorestada
saltou de 18.166 km2 em 2000-2001
para 25.476 km2 em 2001-2002. Isso
equivale a quase um Haiti. Nos últimos 15 anos, a Amazônia já perdeu
quase 244.000 km2 de cobertura vegetal, ou seja, 5% da área original.
Desde 1988, quando se iniciaram as
medições do Inpe, só no biênio 1994-1995 registrou-se um desmatamento
superior ao atual. E vale lembrar que
94/95 foi um período de forte crescimento econômico, impulsionado
pela introdução do real. Já 2001-2002
é uma época de retração econômica,
o que torna mais difícil explicar a forte aceleração do desmatamento.
Até que surjam dados mais conclusivos, pode-se apenas conjecturar.
Uma hipótese a considerar é a de
que, apesar da crise, o setor de agronegócios vai bem, registrando inclusive crescimento. Reforça essa tese o
dado de que parte significativa da devastação ocorreu no chamado Arco
do Desflorestamento, área que inclui
Rondônia, Pará e Mato Grosso e
concentra 75% das florestas degradadas pela ação humana. Coincidentemente, o Arco do Desflorestamento é contíguo à mais importante
fronteira agrícola do país.
Sejam quais forem as causas do
agravamento da devastação, o alerta
está lançado. O governo precisa fazer
um diagnóstico mais preciso da situação para tomar as medidas cabíveis e examinar com cuidado redobrado propostas como a de introduzir concessões para exploração de
madeiras nas Florestas Nacionais.
Ao longo das duas últimas décadas,
o Brasil vinha conseguindo estabilizar o ritmo do desflorestamento na
Amazônia. Será lamentável se os
poucos avanços no campo da preservação obtidos nos últimos anos forem revertidos.
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