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São Paulo, sexta-feira, 27 de junho de 2003

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ALERTA AMBIENTAL

É extremamente preocupante o dado, ainda provisório, de que o desmatamento na Amazônia cresceu 40% no biênio 2001-2002 em relação ao período anterior. A estimativa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), feita a partir de amostragem de imagens de satélite da floresta, ainda está sujeita a revisão. Mas, se a informação se confirmar, essa terá sido a segunda maior perda de mata dos últimos 15 anos.
Com efeito, a área desflorestada saltou de 18.166 km2 em 2000-2001 para 25.476 km2 em 2001-2002. Isso equivale a quase um Haiti. Nos últimos 15 anos, a Amazônia já perdeu quase 244.000 km2 de cobertura vegetal, ou seja, 5% da área original.
Desde 1988, quando se iniciaram as medições do Inpe, só no biênio 1994-1995 registrou-se um desmatamento superior ao atual. E vale lembrar que 94/95 foi um período de forte crescimento econômico, impulsionado pela introdução do real. Já 2001-2002 é uma época de retração econômica, o que torna mais difícil explicar a forte aceleração do desmatamento.
Até que surjam dados mais conclusivos, pode-se apenas conjecturar. Uma hipótese a considerar é a de que, apesar da crise, o setor de agronegócios vai bem, registrando inclusive crescimento. Reforça essa tese o dado de que parte significativa da devastação ocorreu no chamado Arco do Desflorestamento, área que inclui Rondônia, Pará e Mato Grosso e concentra 75% das florestas degradadas pela ação humana. Coincidentemente, o Arco do Desflorestamento é contíguo à mais importante fronteira agrícola do país.
Sejam quais forem as causas do agravamento da devastação, o alerta está lançado. O governo precisa fazer um diagnóstico mais preciso da situação para tomar as medidas cabíveis e examinar com cuidado redobrado propostas como a de introduzir concessões para exploração de madeiras nas Florestas Nacionais. Ao longo das duas últimas décadas, o Brasil vinha conseguindo estabilizar o ritmo do desflorestamento na Amazônia. Será lamentável se os poucos avanços no campo da preservação obtidos nos últimos anos forem revertidos.


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