São Paulo, quinta-feira, 27 de julho de 2000


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CLÓVIS ROSSI

Fujimori enganou FHC

SÃO PAULO - O governo brasileiro já se arrependeu de ter dado apoio ao presidente peruano Alberto Fujimori para impedir que sua re-reeleição fosse condenada pela OEA (Organização dos Estados Americanos).
Para quem não se lembra, Fujimori foi re-reeleito em maio, em um segundo turno no qual concorreu sozinho, já que seu adversário, Alejandro Toledo, recusou-se a participar alegando que não estavam dadas as condições para um pleito livre e justo.
O governo norte-americano condenou a eleição peruana, mas a ação da diplomacia brasileira na OEA foi decisiva para evitar que o organismo regional apoiasse a proposta norte-americana de sanções ao Peru.
Acabou saindo uma decisão aguada, pela qual Fujimori se comprometia a adotar procedimentos mais democráticos num prazo máximo de dois anos.
Agora, o governo brasileiro já se convenceu de que Fujimori é incorrigível. Anota, com muita preocupação, que o grupo governista tido como democrático, liderado pelo ex-chanceler Francisco Tudela, está perdendo a queda-de-braço interna para Vladimiro Montesinos, sinistra figura que comanda o serviço secreto.
É tamanho o incômodo que o presidente Fernando Henrique Cardoso nem irá à posse de Fujimori, ao contrário do que fez nas duas posses mais recentes na região, a do argentino Fernando de la Rúa e a do chileno Ricardo Lagos. Em lugar de FHC, irá o vice, Marco Maciel.
A inquietação da diplomacia brasileira tem razão de ser: a oposição convocou três dias de manifestações de protesto para coincidir com a terceira posse de Fujimori, amanhã. As chances de os protestos desaguarem em choques com a violenta polícia de Fujimori são bastante fortes, o que tende a fechar o círculo de instabilidade nos países andinos (Colômbia, Equador e Venezuela, além do Peru), bem na fronteira norte do país.


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