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CLÓVIS ROSSI
Fujimori enganou FHC
SÃO PAULO - O governo brasileiro já se arrependeu de ter dado apoio ao
presidente peruano Alberto Fujimori
para impedir que sua re-reeleição
fosse condenada pela OEA (Organização dos Estados Americanos).
Para quem não se lembra, Fujimori
foi re-reeleito em maio, em um segundo turno no qual concorreu sozinho, já que seu adversário, Alejandro
Toledo, recusou-se a participar alegando que não estavam dadas as
condições para um pleito livre e justo.
O governo norte-americano condenou a eleição peruana, mas a ação da
diplomacia brasileira na OEA foi decisiva para evitar que o organismo
regional apoiasse a proposta norte-americana de sanções ao Peru.
Acabou saindo uma decisão aguada, pela qual Fujimori se comprometia a adotar procedimentos mais democráticos num prazo máximo de
dois anos.
Agora, o governo brasileiro já se
convenceu de que Fujimori é incorrigível. Anota, com muita preocupação, que o grupo governista tido como democrático, liderado pelo ex-chanceler Francisco Tudela, está perdendo a queda-de-braço interna para Vladimiro Montesinos, sinistra figura que comanda o serviço secreto.
É tamanho o incômodo que o presidente Fernando Henrique Cardoso
nem irá à posse de Fujimori, ao contrário do que fez nas duas posses
mais recentes na região, a do argentino Fernando de la Rúa e a do chileno
Ricardo Lagos. Em lugar de FHC, irá
o vice, Marco Maciel.
A inquietação da diplomacia brasileira tem razão de ser: a oposição
convocou três dias de manifestações
de protesto para coincidir com a terceira posse de Fujimori, amanhã. As
chances de os protestos desaguarem
em choques com a violenta polícia de
Fujimori são bastante fortes, o que
tende a fechar o círculo de instabilidade nos países andinos (Colômbia,
Equador e Venezuela, além do Peru),
bem na fronteira norte do país.
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