|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CLÓVIS ROSSI
A primavera do PT
SÃO PAULO - É tentador suspeitar de que o acidente na base de Alcântara
tenha como raiz a falta de verbas.
Tentador, mas, provavelmente, falso. Por mais que um empreendimento esteja em dificuldades financeiras,
seus especialistas não relaxam com a
segurança, até porque o risco é corrido, antes e acima de tudo, por eles
próprios.
Por muito que a Varig esteja em
crise, suas tripulações podem, numa
hipótese extremada, deixar falta comida a bordo de um vôo intercontinental, mas jamais arriscarão suas
próprias vidas, facilitando no controle da manutenção.
Feita a fundamental ressalva, nem
por isso deixa de ser um crime o fato
de que apenas 10% das verbas disponíveis para a AEB (Agência Espacial
Brasileira) tenham sido usadas até o
dia 1º, conforme relato de Luciana
Constantino, desta Folha.
Chega a ser inacreditável que um
programa prioritário fique à míngua
até das já escassas verbas públicas
disponíveis para o que quer que seja.
Se é assim com as prioridades, em
que lastimável estado não estarão os
setores não-prioritários?
O pior é que não se trata de exceção. Mês após mês, os jornais registram o fato de que o governo petista
não consegue gastar nem aquilo que
lhe é permitido pelo draconiano
acordo feito com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
O tema apareceu anteontem, durante a entrevista com o senador
Aloizio Mercadante (SP), líder do governo no Senado, no programa "Roda Viva" (TV Cultura). Desculpa de
Mercadante: é questão sazonal.
Então, tá. Já passou a "saison" verão, já se foi o outono, está quase terminando o inverno, e o governo continua mostrando incapacidade até
para gastar. Será que o PT só funciona na primavera? Pode até ser poético, mas continua sendo patético.
Texto Anterior: Editoriais: EFEITOS DA "LEI SECA"
Próximo Texto: Brasília - Fernando Rodrigues: Lula e a esperança Índice
|